quarta-feira, julho 16, 2008

Pode acontecer um caso "Quinta da Fonte" no Seixal?

O tema a comentar, para ser publicado no "Comércio do Seixal e de Sesimbra" nesta semana é um exercício de paralelismo entre o que aconteceu na Quinta da Fonte, em Loures e a situação do Seixal.
O tema ganha mais pertinência, quando tivemos a semana passada o Sr. Presidente da Câmara do Seixal a dizer que o Seixal era um concelho seguro e a apelidar os eleitos locais do PSD de irresponsáveis, a propósito da nossa proposta de criação de uma Polícia Municipal.
Se tivermos em conta como decorreu, decorre, ou um dia decorrerá o processo de realojamento das populações menos favorecidas, no âmbito do programa PER, penso que a questão ganha ainda uma outra perspectiva de análise, que vos convido a desenvolver.
Como habitualmente poderá comentar até à próxima quinta-feira, assim como poderá também fazê-lo no blogue "Ruma a Bombordo", do Vereador Samuel Cruz (Aqui).

10 comentários:

Anónimo disse...

Embora o concelho do Seixal nao tenha tido num passado recente situaçoes criticas de insegurança, que envolva mortes, tiroteios e noticias de abertura em todos os telejornais, parece-me que é indiscutivel a preocupaçao relativamente a situaçoes especificas.
Nao existem os gangs, (ou pelo menos em geral nao os conhecemos), e as rixas a eles inerentes.

No entanto, com más politicas de realojamento, em que se promove a descriminaçao em guetos estrategicamente deslocados da chamada "populaçao socialemente integrada", os gangs, o crime, as rixas, terão decerto tendencia a aumentar.

Ainda mais quando a situaçao economica a nivel nacional está cada vez pior e se nao nos afiguram alternativas crediveis, ou sequer uma ilusao de esperança numa mudança.

Assim, parece-me que mais importante que uma soluçao com mais policiamento, deveria começar-se por uma politica sustentada a nível social, com novos projectos de integraçao, bem como criaçao de novos postos de emprego, e mais actividades culturais que visem a inserçao de cidadaos de todas as raças, etnias, eou situaçao economica.

Com os melhores cumprimentos

Ana

Anónimo disse...

Não é o mesmo presidente que achava que nas antigas oficinas estava tudo bem e que podia retirar a rede mesmo depois do psd alertar para o perigo e depois foi o que se viu?
Claro que há um sentimento de insegurança generalizado com assaltos nas bombas, lojas e nas ruas.

Anónimo disse...

Aqui não sei mas já vi acontecer em Lisboa nomeadamente em Telheiras.

Anónimo disse...

Aqui no Seixal é possível acontecer o mesmo que aconteceu na Quinta da Fonte. As condições estão criadas é uma questão de tempo e de sorte. Temos no concelho do Seixal bairros de realojamento onde a marginalidade é uma realidade. Alguns desses bairros crescem em anexos ilegais onde se vão amontoando pessoas a viverem sem o mínimo de condições. A Câmara do Seixal de maioria CDU faz mal os realojamentos e faz ainda pior a manutenção e acompanhamento dos bairros e o acompanhamento dos seus moradores. Caminhamos para um concelho com insegurança a qual em grande parte é devida à incompetente gestão comunista que não soube urbanizar realojar, integrar, promover a cidadania.

Ponto Verde disse...

Todas os condimentos que se reuniram em Loures e desembocaram nos acontecimentos a que temos assistido .existem no Seixal e noutras zonas da Margem-Sul.

São várias as questões que conduzem e este ponto, das politicas erradas de realojamento e integração, a bairros mal projectados, mal construídos, fora de meio urbano , desenquadrados,isolados, estigmatizados e estigmatizantes à partida.

Tal como em Loures, basta um elemento por vezes insignificante para servir depois de detonador num ambiente potencialmente explosivo em que as populações descartadas para guetos periféricos , fora de toda a outra malha urbana vivem.


Situações menos graves já aconteceram no Seixal em determinadas zonas problemáticas, conhecidas de todos e referenciadas , tanto pela autarquia que tem os bairros a seu cargo quase ao abandono , aumentando o potencial de explosão social, como pelas autoridades policiais .

O Bairro mais recente do Seixal , a Quinta da Cucena é o exemplo do que não deve ser feito , mas é um erro que só não foi na mesma altura clonado na Flor da Mata por oposição da população residente, o tempo tem dado razão a todos os que se opuseram a mais este grave erro, note-se que nem uma nem outra localização eram sequer definidas no PDM como zonas urbanizáveis e muito menos com caracteristicas urbanas.

P.S. - À hora a que vos escrevo ouço que há de novo em Loures novo tiroteio, num outro bairro social - Quinta das Sapateiras - o que revela que há de facto um cadinho de mal estar social que põe em causa a autoridade do Estado e a segurança dos cidadãos.Há que não esquecer o que tem acontecido em Paris.

Anónimo disse...

Também concordo que existem todas as condições para que aconteça. É claro que a existência de Policia Municipal é absolutamente necessária.

Anónimo disse...

O que se ouve sobre a Quinta da Fonte:
1. Muitas das casas foram vandalizadas pelos proprios para que a Camara lhes dê novas, em outro local;
2. Tudo começou por dividas de venda de droga entre etnias;
3. A maioria das pessoas de etnia cigana recebem apoios da segurança social;
4. A maioria das pessoas que querem saira da Quinta da Fonte não pagam as respectivas rendas;
O país vive em crise mas, quem trabalha e desconta é que paga tudo isto. Uns tem casa de borla (coitadinhos), outros tem que pedir e pagar por uma licença se quiserem fazer obras em casa.
Esta é a moralidade... coitadinhos.

hkt disse...

Claro que pode.
Existem no Seixal vários bairros problemáticos. E existem ainda os lugares de que não se fala. Dou alguns exemplos:
Quinta da Princesa,Jamaica / Cícharos,Boa Hora, Cucena, Sta Marta, Bairro dos Judeus.
Nos bairros sociais a conflituosidade entre diversas etnias é geralmente grande. São normalmente conflitos de baixa intensidade que vão minando as relações da comunidade. Acredito, que estas pessoas se sentem mais expostas à violência, logo mais inseguras do que o comum dos cidadãos e portanto, mais facilmente reagem à violência com violência. Trata-se de um problema complexo para o qual não chega "distribuir casas" e rendimentos mínimos.

Ana disse...

Estava a ver a reportagem e a pensar precisamente isso, que a Margem Sul tem todos os ingredientes para que tal aconteça aqui.
Sou absolutamente contra os bairros sociais, penso que eles só servem à guetização. Tem de haver outras soluções, não sei dizer quais, mas há que integrar não segregar. Criar bairros sociais é fomentar o desenvolvimento da marginalidade, é fomentar nas pessoas o sentimento que só têm direito a serem marginais, que não têm direito a uma vida condigna, a uma vida com qualidade, os bairros sociais são muito frutíferos para as reportagens das televisões quando por acaso um seu morador conclui um curso superior.
Quanto aos comentários à raça cigana não estou minimamente de acordo, como em todo o lado tem gente boa e má, e penso que por cá até temos muitos e bons exemplos de famílias ciganas que sem abandonarem os seus costumes, as suas tradições, a sua cultura se integraram muitissimo bem entre nós.
Há no entanto presentemente uma escalada de violência no Seixal, não podemos continuar a tapar o sol com a peneira, é preciso actuar urgentemente, penso que cabe à autarquia fazer alguma coisa, tem muito que fazer, desde não contribuir para a construção de mais guetos, ou melhor resumindo numa única expressão:
Que a autarquia se preocupe simplesmente com os seus munícipes.
Penso que isto diz tudo e para bom entendor meia palavra basta.
Este comentári havia-o feito no A-sul mas penso que tem todo o sentido repti-lo aqui

Anónimo disse...

É preciso olhar com humor para os acontecimentos da Quinta da Fonte, em Loures. Negros e ciganos aos tiros num bairro em que ninguém paga renda, luz e água e em que noventa por cento dos habitantes vivem dos subsídios do Estado.

Um exemplo para as comunidades de outros bairros sociais e, já agora, para o comum dos mortais que teve o azar de nascer neste sítio e ainda não conseguiu fugir para bem longe. Agora, depois de muitas cenas, encontrou-se uma solução milagrosa. Vai haver uma vigília, uma marcha pela paz e serão pintadas algumas fachadas e uns murais, tipo arte rupestre, multiculturais. Tudo perfeito, como se vê. Tudo muito politicamente correcto. Entretanto, os mais altos responsáveis por este desgraçado sítio continuam a tratar os indígenas como verdadeiros atrasados mentais. Sócrates, digníssimo primeiro-ministro, continua a falar de confiança, fé, coragem e a gabar a sua magnífica obra sempre que lhe colocam um microfone à frente.

Cavaco Silva, digníssimo Presidente da República, apela aos cidadãos para não baixarem os braços, para continuarem a lutar para não morrerem à fome. Conversa de quem continua a iludir a realidade e tenta atirar para o lixo as verdades que vêm de fora. Com o apoio de fortíssimos aliados, a começar na própria Comunicação Social. A conversa fiada da crise internacional, do subprime americano, do preço do petróleo, dos produtos alimentares e de outras coisas mais foi completamente destruída pelo FMI, Fundo Monetário Internacional, essa tenebrosa organização que já salvou o sítio da bancarrota por duas vezes e que já cá estaria outra vez se não fosse a Europa e o euro. Pois a verdade é só uma.

A crise, que já obriga famílias da classe média a pedirem apoio alimentar, tem, fundamentalmente, raízes domésticas. O Estado, as empresas e as famílias andam há anos e anos a viver acima das possibilidades. O Estado, as empresas e as famílias estão cada vez mais pobres. O sítio arrisca-se a ser, dentro de poucos anos, o mais pobre da União Europeia. Esta é a verdade. Dura e implacável. Uma correria para o abismo que ninguém tem coragem de travar. O resto são tretas.