Publicada no "Jornal do Seixal", na edição de hoje e cujo site pode ser consultado aqui: (http://www.roteirodoseixal.com/index.php) escrevi a seguinte crónica, que vos disponibilizo para leitura e comentários:
A semana ficou indelevelmente marcada pela Quinta. Não a Quinta-feira, não a Quinta da luz, não a quinta classificada nos campeonatos do mundo de atletismo do nosso descontentamento, não a Quinta da Atalaia, mas sim as Quinta da Princesa e a Quinta da Fidalga.
A semana ficou indelevelmente marcada pela Quinta. Não a Quinta-feira, não a Quinta da luz, não a quinta classificada nos campeonatos do mundo de atletismo do nosso descontentamento, não a Quinta da Atalaia, mas sim as Quinta da Princesa e a Quinta da Fidalga.
Foi curioso perceber que enquanto que nesta última, os nossos representantes, da posição e da oposição, se acotovelamvam, procuravam a melhor posição para poderem aparecer ”no boneco” junto à Sra. Ministra da Saúde que era portadora do acordo do nosso contentamento, que era o testemunho vivo de que a população do Seixal, Almada e Sesimbra estava de parabéns por ter lutado, que vale a pena lutarmos por objectivos, por causas, por esse acordo provar que o poder local pode unir-se por uma causa, sem cor partidária, sem interesses mesquinhos, como foi o caso.
Não, não fomos cercados, senão pela população que aderiu em massa. A comunicação social acorreu em bom número e todos os representantes locais dos partidos lá estavam.
A Quinta da Fidalga, essa, estava linda, engalanada e charmosa, pronta para acolher toda a nossa representação política, a população e quam mais quisesse testemunhar este raro momento de comunhão colectiva. Não, não estamos a falar da mesma Quinta onde nos dois dias anteriores, esses mesmos políticos evitavam as câmaras das televisões, por não terem como justificar o que estava a acontecer. Pelo menos sem cair em demagogia. Sem alijar responsabilidades. Sem perceber que nada acontece por acaso. Mesmo o próprio acaso.
Só não vê quem não quer. O Seixal é um barril de pólvora. Não vale a pena tapar o sol com a peneira. Não vale a pena dizer que a polícia agiu mal, que foi racista, etc. Também não vale a pena dizer que são condescendentes, que não actuam por medo ou impunidade.
Este Seixal está inseguro. Parece que tem reservada sempre uma página, na página dos crimes dos jornais nacionais. Não é alaramismo bacoco. É a constatação de um facto. É um alarme que aqui se deixa. Há que mudar de rumo.
Vale a pena perceber quem vive na Quinta da Princesa, assim como quem vive na Quinta da Cucena e no Bairro da jamaica. Assim como vale a pena perceber quem vive nos condomínios de luxo que este executivo criou, cria e criará.
Vale a pena perceber quem vive na Quinta da Princesa, assim como quem vive na Quinta da Cucena e no Bairro da jamaica. Assim como vale a pena perceber quem vive nos condomínios de luxo que este executivo criou, cria e criará.
Vale a pena saber quem este governo local comunista que nos governa (e às vezes desgoverna) há mais de trinta anos, alojou, realojou, como o fez, como o quer fazer e perceber se o fez bem. Pior, vale a pena perceber que quer criar na Flor da Mata mais uma Quinta da Princesa. Vale a pena perceber que a CDU, ou quem a representa no nosso concelho não percebeu que a Quinta da Princesa infelizmente não é fruto do acaso, que o desordenamento urbanistico, que o desemprego galopante, que a falta de inserção social, que a “guetização” crescente têm um preço a pagar – mais dia menos dia a Quinta é cercada. Seja a da Princesa, da atalaia ou da Cucena.
Vale a pena perceber que o bairro da Quinta da Princesa nasceu no final da década de 1970 através de um Contrato de Desenvolvimento Habitacional entre o Estado e construtores civis. Parte das casas seria vendida e o resto era entregue à Câmara. Segundo dados apurados pela imprensa, dos 20 edifícios que compõem o bairro, sete (o que corresponde a 208 fogos) foram entregues à autarquia do Seixal, que os destinou ao realojamento de famílias carenciadas dispersas pelo concelho – a maioria retornados ou emigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Vale a pena perceber que actualmente vivem cerca de 1300 pessoas na Quinta da Princesa. A população é maioritariamente jovem – cerca de 30 por cento tem menos de 10 anos –, mas o desemprego e o abandono escolar são uma realidade que afecta muitas famílias.
Vale a pena perceber que últimos anos, Tal como noutros bairros sociais da área metropolitana de Lisboa, alguns apartamentos têm sido vendidos sem qualquer registo ou alugados a emigrantes recém-chegados. Que a comunidade cigana e os emigrantes do Leste da Europa e do Brasil têm vindo a ganhar expressividade. Que 41,7% dos habitantes são cabo-verdianos, a comunidade mais representativa, seguidos dos são-tomenses (21%) e angolanos (10%). Apesar de apenas 13,3% dos habitantes de Quinta da Princesa terem nascido em Portugal, mais de 25% tem nacionalidade portuguesa.
Vale a pena perceber que não se podem criar caldeirões étnicos e depois vir com discursos racistas. Que não se podem adiar os Bairros da Jamaica desta vida, deslocando-os para as Flores da Mata, sem curar o essêncial : integrar socialmente estas pessoas que acolhemos no nosso concelho.
Vale a pena perceber que a Câmara tem o dever de fiscalizar, de não deixar crescer este caldeirão, da forma como o tem feito. da forma como o fez.
Vale a pena perceber que passar de 3.000 habitantes para 170.000 tem um custo. Vale a pena perceber que este executivo falhou no que de mais importante um excutivo deve assegurar aos seus munícipes: qualidade de vida.
Vale a pena perceber que O SEIXAL MERECE MELHOR!