sexta-feira, abril 27, 2007

BENFICA – UMA VIDA

Falar de desporto, embora numa perspectiva jurídica, tal qual o desafio que me foi lançado, é falar da minha vida. Aliás seria inconcebível imaginar a minha vida sem o Benfica ou recordar o meu crescimento sem o Carlos Lopes, a Rosa Mota, a Fernanda Ribeiro, a nossa (do Seixal) Carla Sacramento ou o Rui Silva, a selecção nacional, os mundiais e europeus de hóquei em patins, os triunfos do Joaquim Agostinho ou do Acácio da Silva, sei lá, tantas e tantas figuras que encheram de emoção, da expectativa da vitória, do sofrimento colectivo de um País pela derrota, como acontecia com o Fernando Mamede, o mais rápido do mundo mas com o síndroma muito Português de fracassar nos momentos decisivos. Recordo com uma nitidez extraordinária as proezas do Agostinho, que as acompanhava na praia, em pleno mês de Agosto, com o ouvido colado no transístor do vizinho, misto de exaltação colectiva com a resignação própria de um povo habituado a sofrer e que via naquele homem, autentica força da natureza, o retrato da humildade tão própria dos Portugueses, quiçá fruto de décadas de opressão salazarista, que em vez de aspirar ao Olimpo supremo só ao alcance dos vencedores, optava por servir, servir e servir, sempre galhardamente, qualquer chefe de fila que se lhe deparasse, entregando assim a outrem a sua glória predestinada pelos Deuses.
Como esquecer as finais europeias do meu Benfica, já não aquela máquina dos tempos do Eusébio, mas sim o Benfica do Erikson, do Toni, do Malogrado Bento, do Chalana, do Alves, do Diamantino, de tantos e tantos outros que me ocuparam horas e horas de sonho, atrás de um cromo, sempre do cromo mais difícil.
Como é hoje o mundo diferente, tudo ao alcance de um clique no computador sempre disponível. Como é hoje mais moderno este País, com estádios, lindos modernos e funcionais, logo eu que me lembrava dos “Brinca na areia”, em pleno Estádio da Medideira, acabadinho de arrelvar.
Talvez não acreditem, mas o futebol fez algo por mim, para além de ter sonhado acordado, pois, tal como a tantos da minha geração ajudou-me a aprender a ler, com a ânsia de melhor compreender as crónicas dos jogos do Benfica que religiosamente lia no jornal “A Bola” todas as segundas e quintas-feiras depois das jornadas nacionais e das grandes noites europeias, de ter aprendido as principais cidades e capitais europeias através das taças dos campeões, de ter até começado a compreender os regimes comunistas da Europa de leste ou a abissal diferença de desenvolvimento dos países ocidentais com as crónicas que lia dos países onde o Benfica jogava, isto com os meus 10/, 11, 12 anos, de ter enfim... vivido uma vida de recordações, de alegrias, de tristezas, de ter marcado os golos que os meus ídolos marcaram, de ter defendido os penaltys dos Bentos, Silvinos, Nenos e outros, de ter chorado, rido, pulado de alegria, como em poucas outras coisas o fiz, depois de tudo isto, desta paixão, como posso cumprir a minha promessa? Falar de direito no futebol, de lei e ordem, neste mundo desportivo completamente descaracterizado com “cafés com leite”, “Paulas”, “Guardas Abeis”, “Carolinas Salgados”, “Majores Valentões e seus exércitos” e tantos outros, desculpem-me, mas não queria acabar aqui e dessa forma tão bonito sonho, através de um autêntico repositório de emoções que o desporto me proporciona.Da próxima, cumpro a promessa, fico a dever-vos em dobro!

Paulo Edson Cunha in Revista "O Praticante" - 30-04-2007

domingo, abril 22, 2007

“MANDU'S BAR”


O “Mandu´s bar” é daqueles lugares mágicos. Daqueles lugares onde entra apenas sentimento. Onde se dança, conversa, ri ou chora, mas em que cada um apenas entra com convite e com vontade de lá estar. A pista de dança não abre às 2h00, não. Pode abrir às 14h, às 21h30, como foi o caso, ou às 3h00 da manhã. Parar de dançar é proibido. Parar de saltar, pular ou simplesmente brincar só se consegue se se apanhar o seu responsável distraído, o que, garanto-vos, é muito improvável. À entrada não vos cobram consumo mínimo, não tem nenhum gorila à porta para nos inspeccionar, tem antes as suas simpáticas e lindas filhas, Patrícia e Filipa, ou a Bia, a mais pequenina, e a Manuela, a mulher, companheira e amiga, daquelas pessoas que nos recebem com o calor do olhar. O seu dono, responsável, mentor, criador, impulsionador e ainda disc-jockey, barman, anfitrião e dançarino é o Armando. Simplesmente Armando naquele local. Calculo que o seu coração tenha crescido proporcionalmente aos doentes que tratou. Sim, porque o conceituado e respeitado Dr. Armando Serra Coelho, com o copo de cerveja na mão, a dançar a sua música, do Jazz ao soul-music, do Blues, ao mais puro rock-and-roll, de uma pimbalhada à mistura até uma boa MPB, vai desfilando as músicas ao ritmo das histórias que ele nos conta dos locais por onde passou, quer seja new Orleans, quer seja a sua mais do que tudo amada: Luanda, de tal forma que esse Dr. Armando não está lá, apenas o Armando, com o espírito de qualquer jovem de 20 anos. Política, futebol ou religião fala-se, mas apenas com a ligeireza de quem conta o último filme que visionou ou do simples prazer de ter aqueles amigos ali, todos reunidos.
Ao longo da nossa vida encontramos de tudo. Mas há lugares em que quando lá entramos sentimos o deja vu próprio de neles termos sempre querido estar e já lá termos estado. Esse lugar é a “Mandu's bar”. Penso mesmo que a sempre tão afoita ASAE deveria multar o seu responsável, pois é quase pecado nos dias que correm concentrar tão grande dose de bem-estar, de desinteresse que não seja o prazer da amizade.
Quem faz o “Mandu's bar” é o Armando, como vos disse, mas também a Manuela, a Patrícia ou a Filipa, também a Bia ou o seu priminho Diogo, ou os seus coleguinhas Inês, Francisca, Zé Maria ou Gonçalo (o meu filhote de 7 anos), ou a Carolina ( a minha filhota de 4 anos), ou a Madalena, o malandro do Manuel, ou o António, ainda bebé e a ser adormecido no primeiro andar pela Sofia. É a Margarida, grande e digníssima representante de Vila Nova de Anços, ou o Doro, tão apaixonado pelo Benfica, quanto eu, ou o Hilário (grande portista, carago), com a sua boa disposição, ou ainda os Padre Eterno, Zé e Rosinha, digníssimos representantes do nosso bom Alentejo. Temos os nossos Coimbrões, Pedro e Ritinha, ou ainda o Rui Prata e a mulher, mas podíamos tê-lo a si, porque para se fazer parte do “Mandu's bar” não precisamos ter 20 anos, ou apenas 5, podemos ter 80 ou 50, basta contudo que tenhamos o espírito apropriado e queiramos celebrar um dos sentimentos mais bonitos do mundo: a amizade Com sorte a Bia convida-vos para a próxima festa e o Armando de certeza que não vos deixa à porta.





sexta-feira, abril 20, 2007

Como se diz Seixal(l) em Inglês?


Amigos, aprendam depressa, busquem o dicionário, o corrector ortográfico do vosso computador ou perguntem ao Sr. Secretário de Estado do turismo, Bernardo trindade, o tal que teve a peregrina ideia de fazer a campanha internacional de promoção de turismo do Algarve, desculpem pelo erro, do ALLGARVE. Para o hipotético leitor mais distraído, dir-lhe-ei que não é erro ortográfico, nem gralha minha, é mesmo assim, o governo mandou às urtigas o bom senso, o orgulho da nossa língua, numa palavra - tudo, e decidiu-se por alterar o nome a uma das regiões turísticas mais conhecidas do mundo. D.Afonso Henriques, Camões, Pessoa e afins, deste canto do Seixal, ou será seixal(l) apresento-vos em nome pessoal as minhas desculpas e peço-vos: não dêem muitas voltas ao tumulo, ok? A seguir em frente esta campanha, quem sabe se o Seixal(l) não aproveita o balanço e na próxima Feira da BTL já promove os seus inúmeros e qualitativos produtos turísticos da forma aqui sugerida. Se o Algarve, perdão, allgarve pode, porque não o Seixall?

Por falar em Seixal, pergunto ao Sr. Presidente da Câmara e aos responsáveis editoriais pelo Boletim Municipal: todos nós da oposição, somos assim tão mais feios do que os elementos afectos à maioria que suporta a Câmara? Garanto-vos que parece! Entre o PSD, PS e Bloco de esquerda não encontram ao menos uma carinha que possa figurar no vosso Boletim Municipal? Sr. Presidente, percebo que queira promover a sua gente, que queira dar a conhecer à população do concelho os membros do seu partido, mas por favor, tenha decoro, não nos tome a todos por tontos, ao menos uma fotografiazinha para mostrar que as Assembleias Municipais têm também deputados municipais de outros partidos, que bons ou maus, estão lá a representar quem neles votou e que merecem sair, não por vaidade, mas para que quem neles votou ao menos saiba que eles lá estão. A não ser que sejamos assim tão feios e o serviço editorial tenha medo de nos mostrar e assim afastar os “vossos” fiéis leitores..!?

Para comprovar o que digo: nós (PS e PSD) somos aqueles do fundo (foto da esquerda), e na foto da direita consegue-se as costas do Sr. Deputado Municipal, Dr. Vítor Ramalho, do P.S. (e já vai com sorte! Da próxima vez sugiro à redacção que o retire com um programa informático adequado)

Continuando no “Boletim Municipal”, jornal oficial da CDU, perdão, da Câmara Municipal do Seixal, penso que é altura de todos os partidos da oposição se juntarem na denúncia do escândalo que desde sempre vem ocorrendo com a sua publicação, o que desvirtua, e muito, as regras democráticas. É altura de dizermos BASTA!! Senhores leitores, chamo-vos a atenção do seguinte: para além do tratamento secundário que as moções apresentadas por todos os partidos da oposição ao executivo (PCP) conseguem obter, e quando são publicadas, verifica-se uma descrição claramente manipuladora, com intervenções tiradas do contexto. Dois exemplos? As moções e intervenções relativamente à “Alcoa”, quem as ler, fica com a sensação que foram exclusivamente propostas e discutidas pelo PCP e pelo Sr. Presidente da CMS, que “aparentemente” detém o exclusivo da preocupação pela situação dos seus desempregados, quando, pelo contrário, todos os partidos apresentaram essa preocupação (embora o PS se tenha abstido) e, até foi da parte do PSD, que surgiu uma proposta, numa sessão anterior, prontamente acolhida pelo Senhor Presidente da Mesa, que felicito pela sua intervenção nesta situação, assim como de todos os partidos, facto que nos permitiu reunir já com a Comissão dos Trabalhadores, Sindicato, Delegação Regional do Instituo do Emprego e Formação Profissional e Administração da Alcoa, seguindo-se reuniões com os Srs. Secretários de Estado dos sectores envolventes e que conduzirá a uma tomada de posição de toda a Assembleia Municipal, dignificando esse órgão e defendendo a sua população. Neste caso, estamos todos de parabéns!
Outro exemplo, ainda mais gritante, prende-se com o facto da aprovação do Regulamento de Tratamento de Efluentes Domésticos, Comerciais e Industriais do Município do Seixal – que, ao contrário das outras moções referidas no texto do “Boletim Municipal” que constam identificadas da forma como foram aprovadas ou rejeitadas, com maioria ou unanimidade, neste caso apenas se refere que foi aprovada pela assembleia Municipal, como se todos os partidos a tivessem votado favoravelmente. Compreendê-mo-los muito bem meus senhores, tiveram até o cuidado de não terem dito que foi aprovado por unanimidade, para não serem acusados de falsear a verdade. Limitaram-se a deixar a “ideia no ar”. Vejam como está no B.M:
“A proposta de Regulamento de Tratamento de Efluentes Domésticos, Comerciais e Industriais do Município do Seixal foi aprovada pela Câmara em 29 de Novembro de 2006 e pela Assembleia Municipal a 28 de Fevereiro. E quem votou contra? Isso não interessa nada. Se fosse uma medida simpática, vinha logo a falar do PCP e do executivo”.
Mas aproveito este espaço para repor a verdade dos factos. Todos os partidos da oposição opuseram-se, argumentaram e votaram contra. E estão contra!!!
Já agora, deixo-vos a votação: Aprovado por maioria e em minuta com 21 votos a favor do Grupo Municipal do PCP e 11 votos contra (4 do Grupo Municipal do PS; 5 do Grupo Municipal do PSD e 2 do Grupo Municipal pelo BE. Da próxima vez tenham mais respeito, se não por nós, pelo menos pelos munícipes, que dizem defender.

Paulo Edson Cunha in "Jornal do Seixal"- 31-03-2007

quinta-feira, abril 19, 2007

Quem paga? Nós (Munícipes do Seixal) Claro!!!


Esqueçam a definição de paraíso que aprenderam na catequese (para quem a teve) porque de certeza que está errada. Para o nosso executivo camarário paraíso é vivermos no Seixal.
Afinal de contas até promovemos o turismo do Seixal na BTL. Para quem não sabe, BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) é uma feira de turismo que decorre anualmente na FIL, e onde os Portugueses acorrem para verem os melhores destinos turísticos que as agências têm para oferecer. Quem sonha com uma semana paradisíaca no Brasil, México, Hawai ou pelas grandes e históricas cidades Europeias, então desengane-se – certamente que não são patriotas. Estão a pensar na Madeira? Algarve? Cascais? Espinho? Nada disso: Seixal. Pois é, o Seixal.
Estão a pensar o mesmo que eu? Claro: temos a ponta dos corvos (também conhecida como “ponta do mato” ou “praia dos tesos”), uma baía lindíssima e completamente despoluída, monumentos históricos a rivalizar com Praga, Roma e afins, vias em construção (pelo menos no papel, como sejam a alternativa à estrada nacional n.º 10, que de tanto propagandeada pela Câmara já deve ter sido construída umas 10 vezes, mais a ponte que rodoviária que ligará o Seixal ao Barreiro, mais múltiplos projectos em desenvolvimento (golfe mais urbanização na Flor da Mata mil e tal fogos – do lado da ETAR, Urbanização no Pinhal das Freiras 4500 fogos, Quinta da Trindade, junto à Baía, Paio Pires, , sei lá, tanta coisa boa que eu até recomendo que todos nós em sinal de agradecimento paguemos uma dízima à Câmara pelo excelente trabalho que já fez. Ah, e já agora, mesmo para os Srs. munícipes residentes no Seixal, não se esqueçam, mesmo vocês, marquem férias no Seixal!
Infelizmente acho mesmo que outra solução não nos resta do que marcar férias no Seixal, pois com a situação que todos nós vivemos, com impostos e mais impostos, com uma qualidade de vida de fazer inveja a qualquer nosso parceiro europeu, sabem o que a Câmara se lembrou agora? R: de no âmbito do seu projecto de Regulamento de Tratamento e Efluentes domésticos, comerciais e Industriais do município do Seixal, vir cobrar uma taxa a todos nós de 50% do valor cobrado pelo consumo de água. Pois é. Quem paga? Alguém tem de pagar não é? Porque não nós, pensam eles. Ou pensam que o dinheiro público chega para tudo? Pensam que os contratos milionários para novos edifícios, que denunciei na última crónica, ou a inépcia provocada por não termos aproveitado os fundos estruturais para construir ETARs suficientes, ou os festivais de jazz, os atrasos no contrato de concessão efectuado com o consórcio do metro e que a intransigência da Câmara de Almada, aliada à inabilidade governamental e falta de pressão do nosso município levaram a que este consórcio venha agora reclamar milhares de euros de indemnização ao estado Português, etc, etc, etc...quem pensa paga? Se não adivinhou ainda, não se esforce, mas prepare a carteira, cada vez mais vazia, cada vez mais sobrecarregada de taxas, impostos, novas taxas, taxas encapotadas, porque vai mesmo ter de pagar. E para quê? Para sermos a 37.ª cidade em 40, tal como foi apresentado no estudo do expresso? Bom, pelo menos ficámos em 4.º lugar, mas foi a contar do fim. E ainda querem eles promover o Seixal!! Preocupem-se em ocupar um lugar cimeiro num ranking destes, avaliado por rigorosos critérios, como sejam a educação, as acessibilidades, o ambiente, a oferta cultural, os serviços, e depois sim, terão toda a legitimidade de nos vir cobrar mais taxas e de irem à BTL promover verdadeiramente o nosso município, sem que corram o risco de serem acusados de publicidade enganosa.
Paulo Edson Cunha in "Notícias do Seixal" -10-02-2007

quarta-feira, abril 18, 2007

Cartas de Desagravo ao Senhor Primeiro-Ministro


Caro Senhor Primeiro. Ministro,Sim, caro, pois acredite que tem saído bem caro ao bolso dos Portugueses.Escrevo-lhe esta carta porque entendo ser o momento oportuno de lhe prestar solidariedade.Depois de V. Exa. ter dado o assunto por definitivamente encerrado os portugueses continuam a não lhe dar descanso com este assunto tão bizarro. É injusto!
Afinal de contas é injusto que o chateiem com questões tão “comezinhas” como sejam entretanto ter aparecido um novo certificado, com datas, disciplinas e notas diferentes, sendo que um deles foi enviado conjuntamente com um ofício com o carimbo de 1996, mas com o papel timbrado onde surge um telefone com nove dígitos quando na altura ainda vigoravam os sete dígitos e um código postal de sete dígitos, quando na altura ainda só haviam quatro dígitos, ou com o facto de V. Exa. ter indicado um reitor que ainda não o era à data da indicação, ou a morada que também ainda não o era (as instalações só mais tarde foram para onde o PM disse que estavam), e ao contrário do por si afirmado essa morada era longe do ISEL. Mas que culpa tem o senhor Primeiro-Ministro disso?

Já não chegava a história de o terem incomodado com o curriculum no sitio oficial do governo, onde constava a profissão que afinal não era a sua, mas que o Sr. Primeiro-Ministro muito diligentemente retirou quando foi descoberto, ou a história ainda mais bizarra da sua ficha de inscrição na assembleia da república, onde já era licenciado, quando ainda não o era, mas que entretanto passou a ser, e que milagrosamente no dia da entrevista apareceu uma segunda ficha de inscrição, com a mesma data, mas rasurada com a palavra “bach” (não cabia mais), ainda por cima andam a dizer que o senhor tem dotes divinatórios, pois tudo o que escreve, acontece algum tempo depois. Claro que eu não acredito nada nisso, mas que “las hay, las hay”, não é?

Aliás, tenho alguns amigos e conhecidos engenheiros de profissão que o querem processar, porque agora cada vez que se fazem anunciar como engenheiros, levam sempre com piadinhas do género “por acaso não é igual ao do Sócrates, pois não?”. Dizem-se profissionalmente lesados., mas são uns brincalhões. Não os leve a sério, está bem?

Conforme disse na crónica anterior, você foi brilhante com esta história toda. Conseguiu ficar 40 minutos a falar da licenciatura e quando os outros assuntos foram abordados, estávamos todos nós a discutir se nos convenceu ou não. Alguém ouviu mais alguma coisa do que disse? E os dois anos de governo, ninguém os discute? Bahhh, isso não interessa nada, não é seu maroto?

Por fim um agradecimento e um conselho: um agradecimento por, depois de o Benfica me dar tristeza atrás de tristeza e desde o célebre pontapé do Marco no famosíssimo “Big Brother”que não via tanto entusiasmo colectivo para ver um programa de televisão. Pelo meio ainda tivemos o “Processo Casa Pia”, mas isso mexia com muita degradação humana e, já cansa! O vale e Azevedo e o Veiga, a Fátima Felgueiras e o Isaltino, mais o Major Valentão e o Pinto da Costa, também tiveram os seus 10 minutos de fama, mas apenas a Carolina foi capaz de se aproximar perigosamente em termos de interesse, mas você bateu-os a todos. Quem não fala da sua performance? E conseguiu convencer-nos!?? Extraordinário! E o conselho: Se não o aceitarem na Ordem dos Engenheiros, tente a representação, pois tem muito jeito.

Aliás, face ao sucesso que foi a sua entrevista e aos novos dados que nos chegam diariamente sugiro mesmo ao senhor primeiro-ministro que faça um programa semanal na RTP1, às quartas-feiras naquele horário para ir comentando as descobertas semanais que vão acontecendo sobre a sua licenciatura. Em pouco tempo coloca a RTP como líder de audiências e resolve em simultâneo o défice da estação pública da televisão.
Certamente para a primeira série de programas, até ao verão já estão preenchidos os assuntos, mas para a segunda série sugiro um programa mais “light”, mudando de assunto, por exemplo falando dos seus três anos de inscrição na Lusíada, no curso de Direito (direito, senhor engenheiro? Engenharia e direito?). Mas você é um homem determinado, ou qualquer curso lhe serve? Como o trato? Sr. Dr. Eng.?

Despeço-me desejando-lhe algum descanso, tranquilidade e que acabe com estes “chatos” dos jornalistas sempre a tentarem saber estas coisas todas sem sentido.

Seu, (desculpe mas não resisti a terminar da forma que aprendi com a sua entrevista, aliás, agora não há carta em que não termine desta forma, como dizer, mais pitoresca).

Paulo Edson Cunha in "Setúbal na Rede" - 18-04-2007

terça-feira, abril 17, 2007

O Artolas

Estou em condições de dizer que o nosso primeiro não nos mentiu. Pelo menos não teve essa intenção. Ele apenas se antecipou à sua vontade. Explico melhor. Em 1993, portanto três anos antes de se ter licenciado (???) em engenharia pela famosíssima Universidade Independente, o então deputado, jovem imberbe conforme todos tivemos a oportunidade de televisionar por estes dias, indicou aos serviços da Assembleia da República que era licenciado em Engenharia. Mentiu?? Claro que não!!! Apenas se antecipou no tempo.
Ele bem sabia que havia de acabar o curso. Pudera!!! Com um professor amigalhaço a dar quatro das cinco cadeiras que faltavam e um reitor, não menos amigo a dar uma cadeira do primeiro ano e que até afirmou que não tinha mal nenhum fazer um exame a um domingo e em casa do próprio reitor, quem não seria capaz de antecipar, com toda a certeza, que acabaria o curso?

O nosso primeiro fê-lo e fez muito bem. Afinal de contas, coitado do homem, apenas se auto-intitulou de algo que veio mesmo a acontecer. Seguindo o mesmo raciocínio, também não acho mal que o nosso primeiro se auto-intitule de engenheiro, mesmo sem estar habilitado pela Ordem dos Engenheiros. Ele não sabe quando, mas um dia ainda há-de ser engenheiro a sério. Penso mesmo que com as trapalhadas todas em que está envolvido, talvez quando for corrido da governação deste pequeno e belo País à beira-mar plantado, ele tenha mais tempo para se dedicar a inscrever-se na Ordem dos Engenheiros e a terminar as suas habilitações. Na altura poderá também aproveitar terminar o MBA (parece que afinal era apenas um cursozeco) que também erradamente disse possuir, mas que apressadamente alterou do seu curriculum, publicado na sua página oficial.

Aliás com o grau de suspeição que impende sobre o senhor, temos mesmo dúvidas se o José se chama mesmo José, se foi casado ou não, se tem dois filhos e só sabemos mesmo que ele é primeiro-ministro porque não foi ele a dizer-nos, senão…

Ao contrário dos socialistas que pensam tratar-se de uma cabala contra o nosso primeiro eu penso o contrário: isto foi tudo inventado por eles para não se falar no desemprego, na co-incineração, na Ota (recordo-vos que também aqui o governo escondeu na gaveta um relatório comprometedor, o que nos deve, no mínimo, deixar a pensar sobre a sua postura moral e a reincidência), nos encerramentos dos SAP´s ao arrepio das legítimas expectativas dos cidadãos residentes nos locais onde estes serão encerrados, das taxas moderadoras que entraram em vigor este mês, do sucessivo agravamento dos impostos e da criação de uns quantos, do relatório do tribunal de contas altamente comprometedor para o governo, pois põe a nu que o governo anda a pedir imensos sacrifícios aos Portugueses e depois internamente não tem qualquer rigor, contratando indiscriminadamente assessores e mais assessores, sabe-se lá porquê…

Nós já sabíamos que o nosso primeiro é um excelente manipulador de massas, não sabíamos é que era tão bom…assim, logo à noite, quando for entrevistado pela RTP1 (por coincidência, o canal do estado) em vez de ter de responder sobre todas as maldades que anda a fazer ao País, estará hora e meia apenas a responder sobre o seu curriculum académico, quem sabe, fazendo-se de vítima. Brilhante José!!!


Paulo Edson Cunha - 11-04-2007 in "Setúbal na Rede"