"Análise aos novos Líderes partidários"
Estava o Comité Central reunido havia horas. Lá dentro o ambiente era bastante tenso. O jovem líder do Grupo Parlamentar pensava para os seus botões – chegou a minha vez, é agora ou nunca e jogou a sua cartada. Levantou-se num impulso e dirigiu-se aos camaradas presentes: "como sabem o P.S. acaba de eleger um Secretário-Geral, bonito, boa pinta, moderno e muito apreciado pelo eleitorado feminino", e prendeu desde logo a atenção dos restantes que abanavam verticalmente a cabeça em sinal de concordância. Sentindo-se confiante continuou - "como também todos sabem, os nossos camaradas socialistas apenas quiseram imitar o PSD que tem o mais mediático e apreciado político pelo sector feminino, portanto camaradas, como vêem temos que encontrar alguém tão bonito e mediático como eles" – e jogou a cartada decisiva, olhou à sua volta em tom dramático e disse: - "devemos escolher de entre nós o mais bonito, o mais mediático, o mais telegénico porque hoje a ideologia não conta". Era um argumento decisivo, pois todos olharam para os restantes partidos políticos:Santana,Sócrates e os irmãos Portas. Houve um momento de tensão. Abandonar a ideologia, os princípios de décadas apenas para não perder eleitorado?Era altura de ouvir o Ancião, que apenas era convocado para reuniões desta importância. Muito a custo devido à sua idade avançada a referência mítica do Partido Comunista referiu: "terei de concordar com o camarada Bernardino que colocou o dedo na ferida como ninguém. Camaradas, os tempos são outros, o muro de Berlim caiu há mais de uma década, os nossos adversários usam técnicas cada vez mais apuradas de marketing político. Temos de escolher um candidato jovem, que dê uma nova dinâmica ao partido, que seja bonito, telegénico como o Sócrates ou até o Santana. Num ápice quando a plateia estava absolutamente convencida e a cumprimentar o mais jovem deles todos, o Ancião concluiu: "Boa sorte camarada Jerónimo de Sousa!" Aprendi a gostar de história quando um professor do ensino secundário dessa disciplina nos alertou: Compreendam sempre o presente à luz do passado. Nele encontrarão as respostas que o presente não vos dá. Tentei seguir o seu conselho e posso dizer-vos que tem resultado. Assim compreendi melhor as posições actuais da Alemanha e da França no contexto Europeu. A guerra do Iraque, o desmoronamento da Jugoslávia, a posição da Turquia e muitos outros conflitos actuais à escala planetária. É também à luz da história que devemos compreender a recente polémica entre o Professor Marcelo e os Santanistas.Conta a história o seguinte: "três amigos com tanto de irreverentes como de inseparáveis estavam desgostosos com o rumo do País. Era o tempo do bloco central. Então criaram um movimento chamado de "Nova Esperança", que preconizava um caminho novo e diferente para Portugal. Poucos movimentos foram tão importantes para a nossa vida política contemporânea. Sabem porquê? Porque esse movimento já nos deu três primeiros-ministros e três candidatos a presidente da Republica nas próximas eleições presidenciais. Voltemos à nossa história. Esse movimento avançou um nome que seria o rosto da mudança. Ele mesmo – cavaco Silva. O tempo passou e o grupo separou-se. Santana Lopes zangou-se com o seu amigo da faculdade – Durão Barroso, e Marcelo Rebelo de Sousa rapidamente se afastou de cavaco Silva. Quanto a Durão Barroso, todos sabemos o seu percurso. Curiosamente à excepção deste último, todos os outros três foram candidatos da direita mais ou menos assumidos para as próximas Presidenciais. Primeiro Santana Lopes assumiu que o poderia ser, mas agora já não é por razões óbvias. Cavaco e Marcelo estão num "mano a mano" embora tudo possa parecer confuso, mas não tenho dúvidas: foi uma cartada política brilhante de Marcelo Rebelo de Sousa que o Governo não teve habilidade de gerir. Censura? Pura conversa. Parece que a camarada Helena Roseta sintetizou bem o sentimento vivido no congresso rosa: "não tenho nem beleza nem inteligência para ser uma socranete" Ela lá sabe o que queria dizer!!!!!!