"Quando elegemos alguém para nos representar na Assembleia da
República, Câmara ou Assembleia Municipal ou para uma simples colectividade o
objectivo é que essas pessoas representem os nossos pontos de vista, as nossas
necessidades, os nossos anseios.
Por esse motivo recuso-me a entender a
posição do Governo face à construção do Hospital do Seixal.
Sejamos claros,
os estudos apontam para a necessidade imperiosa de uma larga faixa da população
da margem sul do Tejo ter acesso pleno a cuidados de saúde, que neste momento
não são assegurados na sua plenitude aos munícipes de Almada, Seixal e
Sesimbra.
A Constituição da República Portuguesa também consagra a defesa do
mesmo princípio aos seus cidadãos.
A população residente, o tecido social,
empresarial, os partidos políticos locais e todas as demais entidades existentes
encontram este denominador comum nas suas aspirações. Por que o fazem? Por
bairrismo? Por despeito? Por política? Não, fazem-no (fazemos) por necessidade,
por ser justo, por ter sido prometido, por a oferta disponível ser claramente
insatisfatória.
Não termos uma bomba de gasolina, um supermercado, até uma
farmácia ou um posto ATM à porta de casa é desagradável, mas não custa vidas.
Por isso não é essa a nossa causa. Não ter um hospital ou pelo menos acesso ao
mesmo em condições consideradas razoáveis, pode custar a vida das pessoas.
Estamos a falar numa das zonas mais populosas do país. Não podemos nem devemos
esquecermo-nos quando abordamos este tema.
O Governo, seja quem for que o
estiver a representar, tem também a obrigação de ser justo e equitativo na
relação entre contribuinte e receptor de benefícios e, se é verdade que essa
correlação não tem de ser absolutamente proporcional, também não é correcto que
a mesa franja da população que sendo uma das que mais contribui com os seus
impostos, seja precisamente aquela que vê as suas necessidades absolutamente
defraudadas. É impensável que se aposte cegamente em TGV´s, empreitada
absolutamente faraónica quando sabemos que, por exemplo o concelho do Seixal
precisa, nesta área, de uma muito especial atenção porque quase um quarto da sua
população ainda está sem médico de família (cerca de 50.000 cidadãos sem acesso
a cuidados).
Não devemos nunca ignorar que o partido do governo prometeu o
hospital para o Seixal, e não cumpriu.E sabemos que o fez apenas para satisfazer
a muita pressão local, o concelho é muito populoso e já havia (de anos
anteriores) um estudo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do
Tejo que revelava carências nesta área dos cuidados hospitalares, sobretudo nos
concelhos do Seixal e Sesimbra.
Era, portanto, uma decisão politicamente
correcta e que ia acalmando os ânimos enquanto durasse essa expectativa nas
populações locais; sempre o actual governo fez crer que de um “verdadeiro”
hospital se trataria, um hospital que aliviasse a pressão e a quase ruptura que
se vive no Garcia d’Orta, em Almada, um hospital que correspondesse aos reais
anseios das populações utentes que respondesse em consultas externas,
internamentos…quem sabe, até urgências!
O PSD no Seixal, através dos seus
representantes foi alertando para isto e a nossa especialista na matéria, Dra.
Clara Carneiro, foi taxativa em relação a este ponto: não concordava com a
tipologia que se adivinhava para o Hospital do Seixal. O tempo veio dar-lhe
razão e o despacho (publicado a 31 de Agosto de 2006) veio criar o grupo de
trabalho que iria definir o tipo de hospital adequado!
Entretanto, a Ministra
da Saúde Ana Jorge anunciou recentemente, em comunicado publicado no Portal da
Saúde, a tipologia para o novo hospital, no qual refere que “as bases para o
desenvolvimento do novo hospital assentarão na adopção de um conceito inovador,
já com desenvolvimentos noutros países europeus…”concretizando que “ hospital do
Seixal será direccionado par a prestação de cuidados de ambulatório, sem
internamento, cujo perfil deverá integrar consultas externas diferenciadas…
unidade de cirurgia de ambulatório”. Apontando esta unidade hospitalar como em
termos de complementaridade e proximidade com os Hospitais: Garcia da Orta –
Almada; N.Srª do Rosário no Barreiro e Centro Hospitalar de Setúbal”.
O tempo
deu-nos razão, mas trocamos de bom grado essa razão e, por isso, esperamos que
até ao fim desta legislatura possamos vir aqui assumir que afinal enganámo-nos e
o Governo acabou por ser sensível às reais necessidades das populações do
Seixal, Almada e Sesimbra, tão causticadas por um único hospital (Garcia d´Orta)
completamente esgotado em capacidade, recursos financeiros e
humanos."
sexta-feira, junho 26, 2009
Que Hospital para o Seixal?
O texto que escrevi e que a seguir vos transcrevo neste espaço, pode ser igualmente visto no jornal semanário "SOL", na página 42, na rubrica "Escrita em Dia.
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2 comentários:
Novo artigo sobre a Teimosia desregrada do Governo PS face ao sistema educativo no blogue O Flamingo.
Caro Paulo Edson
"Não ter uma bomba de gasolina à porta de casa não é desagradável"...
Eu diria antes que é uma sorte, ou se preferir, uma felicidade.
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