sexta-feira, junho 26, 2009

Que Hospital para o Seixal?

O texto que escrevi e que a seguir vos transcrevo neste espaço, pode ser igualmente visto no jornal semanário "SOL", na página 42, na rubrica "Escrita em Dia.


"Quando elegemos alguém para nos representar na Assembleia da
República, Câmara ou Assembleia Municipal ou para uma simples colectividade o
objectivo é que essas pessoas representem os nossos pontos de vista, as nossas
necessidades, os nossos anseios.
Por esse motivo recuso-me a entender a
posição do Governo face à construção do Hospital do Seixal.
Sejamos claros,
os estudos apontam para a necessidade imperiosa de uma larga faixa da população
da margem sul do Tejo ter acesso pleno a cuidados de saúde, que neste momento
não são assegurados na sua plenitude aos munícipes de Almada, Seixal e
Sesimbra.
A Constituição da República Portuguesa também consagra a defesa do
mesmo princípio aos seus cidadãos.
A população residente, o tecido social,
empresarial, os partidos políticos locais e todas as demais entidades existentes
encontram este denominador comum nas suas aspirações. Por que o fazem? Por
bairrismo? Por despeito? Por política? Não, fazem-no (fazemos) por necessidade,
por ser justo, por ter sido prometido, por a oferta disponível ser claramente
insatisfatória.
Não termos uma bomba de gasolina, um supermercado, até uma
farmácia ou um posto ATM à porta de casa é desagradável, mas não custa vidas.
Por isso não é essa a nossa causa. Não ter um hospital ou pelo menos acesso ao
mesmo em condições consideradas razoáveis, pode custar a vida das pessoas.
Estamos a falar numa das zonas mais populosas do país. Não podemos nem devemos
esquecermo-nos quando abordamos este tema.
O Governo, seja quem for que o
estiver a representar, tem também a obrigação de ser justo e equitativo na
relação entre contribuinte e receptor de benefícios e, se é verdade que essa
correlação não tem de ser absolutamente proporcional, também não é correcto que
a mesa franja da população que sendo uma das que mais contribui com os seus
impostos, seja precisamente aquela que vê as suas necessidades absolutamente
defraudadas. É impensável que se aposte cegamente em TGV´s, empreitada
absolutamente faraónica quando sabemos que, por exemplo o concelho do Seixal
precisa, nesta área, de uma muito especial atenção porque quase um quarto da sua
população ainda está sem médico de família (cerca de 50.000 cidadãos sem acesso
a cuidados).
Não devemos nunca ignorar que o partido do governo prometeu o
hospital para o Seixal, e não cumpriu.E sabemos que o fez apenas para satisfazer
a muita pressão local, o concelho é muito populoso e já havia (de anos
anteriores) um estudo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do
Tejo que revelava carências nesta área dos cuidados hospitalares, sobretudo nos
concelhos do Seixal e Sesimbra.
Era, portanto, uma decisão politicamente
correcta e que ia acalmando os ânimos enquanto durasse essa expectativa nas
populações locais; sempre o actual governo fez crer que de um “verdadeiro”
hospital se trataria, um hospital que aliviasse a pressão e a quase ruptura que
se vive no Garcia d’Orta, em Almada, um hospital que correspondesse aos reais
anseios das populações utentes que respondesse em consultas externas,
internamentos…quem sabe, até urgências!
O PSD no Seixal, através dos seus
representantes foi alertando para isto e a nossa especialista na matéria, Dra.
Clara Carneiro, foi taxativa em relação a este ponto: não concordava com a
tipologia que se adivinhava para o Hospital do Seixal. O tempo veio dar-lhe
razão e o despacho (publicado a 31 de Agosto de 2006) veio criar o grupo de
trabalho que iria definir o tipo de hospital adequado!
Entretanto, a Ministra
da Saúde Ana Jorge anunciou recentemente, em comunicado publicado no Portal da
Saúde, a tipologia para o novo hospital, no qual refere que “as bases para o
desenvolvimento do novo hospital assentarão na adopção de um conceito inovador,
já com desenvolvimentos noutros países europeus…”concretizando que “ hospital do
Seixal será direccionado par a prestação de cuidados de ambulatório, sem
internamento, cujo perfil deverá integrar consultas externas diferenciadas…
unidade de cirurgia de ambulatório”. Apontando esta unidade hospitalar como em
termos de complementaridade e proximidade com os Hospitais: Garcia da Orta –
Almada; N.Srª do Rosário no Barreiro e Centro Hospitalar de Setúbal”.
O tempo
deu-nos razão, mas trocamos de bom grado essa razão e, por isso, esperamos que
até ao fim desta legislatura possamos vir aqui assumir que afinal enganámo-nos e
o Governo acabou por ser sensível às reais necessidades das populações do
Seixal, Almada e Sesimbra, tão causticadas por um único hospital (Garcia d´Orta)
completamente esgotado em capacidade, recursos financeiros e
humanos."

2 comentários:

J.S. Teixeira disse...

Novo artigo sobre a Teimosia desregrada do Governo PS face ao sistema educativo no blogue O Flamingo.

Anónimo disse...

Caro Paulo Edson

"Não ter uma bomba de gasolina à porta de casa não é desagradável"...
Eu diria antes que é uma sorte, ou se preferir, uma felicidade.