Excêntricidades

Antes de entrar em assuntos mais sérios e, aproveitando os últimos instantes destes dias mais descansados, deixo-vos um artigo publicado no último número da revista "O Praticantes" (com foto e tudo), distribuída no mês de Dezembro.

Aproveito a oportunidade para agradecer as muitas mensagens de boas festas recebidas, quer no blogue, quer sobretudo no e-mail, assim como a confiança manifestada, o que só me aumenta a responsabilidade.

De seguida deixo-vos o texto:

"Numa época de frio, chuva e vento de que me fui lembrar de vos falar? Do verão. Pois é, o meu clubismo exarcerbado, que eu intimamente combato em cada conversa de café , vem “ao de cima” cada vez que o “Meu Benfica” joga. Ora nesses momentos e, inversamente proporcional aos resultados finais, que até vão aparecendo, as exibições têm sido tão fraquinhas, que o meu sofrimento me obriga, cada vez mais, a recordar-me de uma das jornadas mais épicas da, ainda assim, riquíssima história recente do Benfica. Um Benfica com uma equipa Alemã, que já nem me lembro qual, no ano em que fomos campeões e que fomos dar 6-3 a Alvalade; lembro-me bem de ter acabado esse jogo em pleno elevador, com as mãos nos ouvidos, esperando que o tempo passasse. Sim, empatámos a 4 golos e um dos golos foi apontado pelo jogador da foto.
Foi isso mesmo que lhe disse, quando o vi, este verão, na Praia Verde (como se encontram dois benfiquistas numa praia, chamada de verde?). Confesso que nunca fui um grande admirador do Abel Xavier enquanto jogador, mas aquele jogo e o de Alvalade, foram duas das mais recentes alegrias que este clube me deu. Claro que ele estará indelevelmente marcado por um dos momentos futebolisticamente mais marcantes, pela negativa, do nosso futebol – aquela mãozinha, num jogo das meias finais, com a França, no Euro 2000. Para si foi Penalty? Oito anos depois, e para o resto da vida, ele jura que não teve intenção. E só é penalty, quando intencionalmente o jogador corta a bola...
Engraçado que uma reflexão esse excêntrico jogador me obrigou a fazer, que eu compartilho convosco. A verdade é que, goste-se ou não do estilo, foi um jogador marcante da sua geração, autentico globetrotter pelos maiores e melhores campeonatos internacionais e que, mesmo associado à moda, nunca vi o seu profissionalismo colocado em causa, ao contrário de alguns meninos bonitos da actual geração.
Por fim, nesta época de paz e amizade, que o Natal nos proporciona, devo mostrar o meu contentamento, enquanto cidadão, adepto e pai que leva os filhos ao futebol, pelo processo criminal efectuado aos adeptos do meu clube, integrantes de uma claque. Se há coisa que nunca compreendi, foi como podem os adeptos integrantes das claques dos três grandes agirem completamente à margem da lei, cometendo actos á vista de todos, que se fossem efectuados noutros cenários, que não sob o manto protector do futebol, levaria de imediato as autoridades a agirem.
Assim, mesmo sendo contra o meu clube, mesmo sendo de uma claque que certamente terá gente boa, séria e que apenas a integra pelo prazer de ver futebol de forma organizada e alegre, sem participação no que de pior essa claque tenha, mesmo assim, congratulo-me com esta operação montada pela polícia, fazendo votos para que se estenda a outras claques que praticam actos similares, de forma a que a próxima vez que levar o meu filho ao futebol, possa sentir que não estou a cometer uma inconsciência.
Alguém me diz para que precisa um adepto de uma arma, como as que foram encontradas no armazém dos “No Name Boys”? Já para não falar de outras coisas.
Feliz Natal e próspero ano novo, com muitos sucessos desportivos, muito exercício físico, são os meus votos para os leitores, anunciantes e colaboradores desta cada vez mais fantástica revista que fomenta estas boas práticas."