Todos os dias somos confrontados com notícias de morte, destruição, pânico, epidemias, etc, de tal forma que tal qual o médico, o coveiro, o advogado, ficam (ou têm de ficar) emocionalmente indiferentes às tragédias com que lidam, criando uma "carapaça" para poderem resistir ao sofrimento que profissionalmente os rodeia, todos nós vamos criando uma "carapaça" a essas imagens, forma utilizada para nos defendermos de tanta tragédia.
Penso até que num mecanismo de defesa subconsciente, registamos imagens de sismos, guerra, dor, morte, tal qual como se estivéssemos passivamente a assistir a um filme e esse mecanismo de defesa tende a fazer com que não nos envolvamos demasiado com a notícia em si, única forma de não sofrermos diariamente com tanta preocupação que grassa por esse mundo fora (pelo menos falo por mim).
A tragédia do Japão, para além de outras considerações que até do ponto de vista profissional (Protecção Civil) tenho de fazer, balanços a que chegarei oportunamente, tem-me permitido assistir horrorizado a tudo o que vejo, mas confesso que devidamente equipado com a "carapaça" que atrás referi.
Essa "carapaça" foi por mim despida há poucos minutos, quando via na televisão um testemunho de uma mãe que sobreviveu ao tsunami e que contava que se agarrou à filha com toda a força que tinha, mas não suportou a pressão e teve de a largar e agora não sabe da filha, sendo quase certo o seu destino.
Meus amigos, não há "carapaça" que resista e qual tsunami de emoções a minha desmoronou de vez...
Já que deste cantinho do mundo nada mais posso fazer, pelo menos orarei por aquela filha e por tanta e tanta gente desaparecida e pela dor e ansiedade dos seus familiares...
3 comentários:
Vereador o que diz é verdade.Hoje somos insensiveis às desgraças.
Gostei deste seu texto como costumo gostar do que escreve.
Caro Vereado Paulo E. Cunha,
A si enquanto decisor politico na area da Protecção Cvil só lhe peço que tire as devidas ilações deste "sinistro", ou seja humildemente olhe com olhos de ver para a ocurrencia em si e deixe (se possivel) as emoções de lado.
Lembre-se que o Japão a construção é aquela que é, os sistemas de aviso são os que são, o grau de preparação é extremamente elevado, a formação civica é de valores utopicos para nós Lusos e depois acontece o que todos nós vimos em directo.
Milhares de mortos, cidades arrazadas, incendios em refinarias, acidentes nucleares, colapso das redes de agua, electricidade e comunicações.
Sinceramente só lhe peço uma coisa, transporte aquela situação para o seu Municipio e após um momento de refexão, veja o que pode enquanto politico fazer para que os tecnicos desenvolvam medidas de mitigação para um evento daquele tipo.
Porque a questão não é se vai acontecer, é quando irá acontecer, e para quem acredita, que Deus nos proteja....
António José M.N. Calinas
Licenciado em Engenharia da Protecção Civil.
Imagens dramáticas, trágicas, aterrorizadoras!
Sr. Vereador Paulo Edson Cunha, este seu texto transporta uma enorme carga emotiva e descreve o que todos sentimos.
De facto tudo isto dá que pensar e nada é de mais na previsao destes fenómenos inevitáveis e que o homem não consegue evitar, podendo apenas atenuar as suas consequências. Sei que está atento em busca de meios para o conseguir.
Cumprimentos,
M. Oliveira
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