domingo, janeiro 13, 2008

“jamais" (ler jamais com sotaque afrancesado)

Acompanhem a crónica com esta música, que me enviaram. Não se vão arrepender. Clique aqui:
http://podcastmcr.clix.pt/rcomercial/manhas/jame2.mp3
Publicado hoje, sábado, dia 12 de janeiro no "Jornal do Seixal"

Confesso que estou em estado de choque. “Jamais!”. Como se escreve? Afinal de contas temos ministros que fazem fortes campanhas, pagas a peso de ouro, ao turismo Português, mas escritas em Inglês e temos um ministro que fala Francês? Será Francês? Ou será algum imigrante daqueles que encontramos nas praias portuguesas a falar “franciu” com os filhos? Pierre para cá, Pierre para lá e vai-se a ver o moço chama-se é mesmo Pedro.
Parece que temos um ministro que não sabe o que quer dizer “Jamais”, “Jamé”, ou “J´amais”, que é inequivocamente jamais!!! Jamais quer dizer nunca (outro)! Nunca mais. É a negação total. Parece que para este ministro e para este governo jamais é…talvez, sim, com certeza. Mude-se o dicionário, por favor!
Estivéssemos num País a sério e o ministro teria sido demitido nesse mesmo dia. Uma hora depois, aliás. Lembram-se o que o Prof. Cavaco fez ao Ministro Carlos Borrego apenas por causa de uma anedota de mau gosto? Pois.... Neste caso a demissão era o único caminho, pela mão do próprio, ou já que há pessoas que não têm vergonha na cara, então que o P.M. o demitisse. Não por ter dito “jamais”, não por ter preferido a OTA, claro, mas sim por ter desqualificado toda uma região do País. Hiperbolizou? Não teve contenção? Teve um descuido? Estou a ser muito pouco permissivo? Concerteza que não, senão vejamos. Qual o ministro que se pode referir a uma das mais importantes e habitadas regiões do País referindo esta singular frase?:"O que eu acho que é faraónico é construir um aeroporto na margem Sul, onde não há gente, não há escolas, não há hospitais, não há indústria, não há comércio, não há hotéis". Recuso-me a aceitar que este senhor continue um ano depois a fazer parte deste Governo. Ele disse mais: disse: “não há cidades”. Por acaso esse senhor conhece o Seixal? Setúbal? Almada? Montijo? etc, etc..
Isto deve também levar-nos a pensar sobre a forma descuidada, displicente e negligente como este Governo aplica os dinheiros públicos. Os nossos impostos vão para estas brincadeiras. Devemos todos um tributo ao anterior líder do PSD, Dr. Marques Mendes que, contra tudo e contra todos lançou este assunto para a praça pública, conseguindo esta espectacular, merecida e justa reviravolta. Setúbal tem também um deputado (que por acaso é autarca no Seixal e filho da terra) que publicamente defendeu esta solução agora acolhida pelo Governo, que em devida hora deu a cara por ela e na Assembleia da Republica, estou a referir-me ao Eng. Luís Rodrigues obviamente. Também a ele deverá dirigir-se o nosso reconhecimento. De outra forma teríamos enveredado por uma solução mais cara, com menor duração, menos conseguida tecnicamente.
O Governo que com isto dá um gesto de emendar a mão a tempo de evitar um erro crasso que muito ia custar ao País foi nesta mesma semana obrigado a reconsiderar a sua mais peregrina de todas as ideias, ou seja dar um aumento de €20,06 no que concerne ao pagamento retroactivo das pensões, em 14 prestações o que dava a módica quantia de € 1,54. Para quem andar distraído e pensar que estou a inventar pode perguntar ao primeiro reformado que lhe aparecer qual foi o aumento que recebeu em Janeiro. Poupo-lhe o trabalho e respondo-lhe: € 1,54. Talvez não tenha ainda percebido e vou escrever por extenso. Este governo que se diz socialista quer dar uma prestação retroactiva de míseros vinte euros e seis cêntimos em catorze meses pela módica quantia de um euro e cinquenta e quatro cêntimos. Pior, o Secretário de Estado da Segurança Social, quando o assunto veio a público teve o desplante de passar o dia todo a justificar as vantagens da medida. Sr. Secretário de Estado, para a próxima dou-lhe uma sugestão: migre para o deserto da Margem Sul, mas “Jamais”, “jamé” ou “j´amé” insulte a nossa inteligência, please!!!


8 comentários:

Unknown disse...

Caro Paulo,

Começando pelo fim, o Governo também já alterou a medida de pagar em prestações o aumento extraordinário das pensões dos reformados, indo proceder ao pagamento integral do valor que referes. Quanto ao Secretário de Estado ele não precisa de emigrar para a Margem Sul, uma vez que já cá está, antes de integrar o Governo era mesmo Vereador no Montijo.
A declaração de Mário Lino, ele próprio já o reconheceu, foi infeliz, razão pela qual pediu desculpa.
Por mim, tal acto de humildade, basta-me, aliás prefiro-o desmesuradamente ao raramente me engano e nunca tenho dúvidas de um certo Professor de Finanças...

hkt disse...

Meu caro Paulo, tratou-se de má pronuncia e de interpertação maldosa. Ao fim de todos estes meses percebeu-se que o ministro queria dizer: "J'aimerais." mas, por um azar dos Távoras ninguém o percebeu e em vez de "gostaria" foi interpretado como "jamais". É esta a única conclusão que se pode tirar da sua continuidade no governo mas, se não foi uma questão de pronúncia então o ministro tem a coluna vertebral mais torta que um camelo!

Davide Ferreira disse...

O zig-zag constante do governo deixa-nos em dúvida sobre se existe realmente um rumo para esta governação... só nesta semana tivemos um recuo em relação ao tratado europeu, ao aumento das pensões e ao aeroporto da Ota.

Parabéns pelo artigo, critíco e incisivo.

Paulo Edson Cunha disse...

Samuel, sê bem vindo a este espaço, mais uma vez. Como sabes também visito o teu espaço (blogue)e vou deixando a "colherada".
Tentas responder e disfarçar o indisfarçável. Mas a culpa não é tua e a tarefa Hercúlea.
O Ministro veio alterar a decisão que o seu secretário de estado passou todo o dia a defender, quando os protestos e o ridiculo da situação estava já no auge. Dir-se-á:Do Mal o menos.
Quanto ao Ministro Mário Lino, que eu saiba ele nunca pediu desculpas, mas face à gravidade das suas declarações, penso que é insuficiente.
Meu caro, tu tens responsabilidades políticas, embora locais, por isso ponderas sobre o que escreves, sobre o que dizes em público. Agora imagina se fosses Ministro. Não é propriamente uma conversa de café, tida entre amigos.~Foi num discurso oficial, com uma plateia ilustre. Sabes tão bem como eu que uma decisão dessas altera a vida das pessoas, faz mexer com o mercadp e se na margem sul "jamais", o mercado e as pessoas actuaram em função dessa declaração. Quem responde?

À HKT, obrigado pelas suas palvras.
Parabéns pelo seu Blogue, que convido todos a visitar (está excelente) em blog
http://hekate-hkt.blogspot.com/
Porei um link junto dos restantes.
Cumpreimentos

Anónimo disse...

Meu Caro Paulo ainda acredita que temos governo?!
Eu já a algum tempo que tenho visto o actual governo neste jogo de diz que não diz, em que os próprios ministros do actual executivo não têm noção do que falam e que posteriormente dão o dito pelo não dito mas fazem-no com orgulho porque “errar é humano”.
Agora é só uma questão de nos habituarmos aos constantes avanços e recuos deste governo, pois a vida de 10 milhões de portugueses também pode avançar e recuar ao mesmo tempo todo os dias, não vamos mesmo evoluir com eles e sempre vamos sentido alguma agitação.XICa da Silva

Anónimo disse...

Bom artigo, dentro da linha que que sempre escreve.
Mas não acha que é positivo que o governo corrija situações em que julga não ter estado correcto?

Anónimo disse...

Sempre com sentido de humor! Associação entre o texto e a música bastante bem conseguida.

Anónimo disse...

Com sotaque "afrancesado" ou "aportuguesado", vai dar ao mesmo...