quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Trágedia na Madeira - Comente para o "Comércio do Seixal"


A semana está indelevelmente marcada pela tragédia ocorrida no passado Fim-de-Semana na Madeira.
Estão certamente na mente de todos nós as imagens aterradoras de destruição, sofrimento e dor causadas pelas fortes chuvas (equivalentes a um mês na região) desse dia.
Politólogos, sociólogos, comentadores, mais ou menos encartados, engenheiros, arquitectos, etc, etc, todos se sentem no direito e com legitimidade de discutirem as causas, o que não foi feito para prevenir, a actuação das autoridades, a resposta dos políticos, o que fazer a seguir.

Do exposto ressaltam alguns pormenores, como sejam o facto do Presidente do Governo Regional da Região Autónoma da Madeira ter tentado minimizar os danos e ter pedido ao Governo da República para não decretar o estado de calamidade, de forma a não condicionar a imagem da ilha em termos turísticos.

Confesso que não sei se é legítimo ou não, mas compreendo que um responsável por uma região tente salvaguardar não só a recuperação em danos humanos e materiais das gentes da sua terra, como também tentar salvaguardar o futuro da sua gente. E o futuro da Madeira é o turismo. Há famílias inteiras que vivem dessa actividade e, portanto, nessa perspectiva compreende-se o seu discurso. Afinal de contas a que não juntar ao drama humano já vivido uma futura crise económica.


Aliás, não deixa de ser significativo o facto do maior embaixador de Portugal dos tempos presentes ( Cristiano Ronaldo) ter feito mais pelo apelo internacional à ajuda humanitária do que todos os apelos do Governo ou de outras instâncias. Cristinao Ronaldo com o seu golo de Domingo, comemorado da forma como a foto documenta, fazia capa em muitos jornais mundiais e em quase todos os jornais Madrilenos, uma simples imagem que através da TV e da Internet percorreu o mundo inteiro. Estou em crer que com este gesto, um jogador de futebol, tido por “bronco” por muitos “iluminados” tenha feito mais pela Madeira e por Portugal do que todas as instâncias Governamentais juntas.
Também compreendo que os responsáveis políticos tentem encontrar explicações para o “fenómeno natural” e, sobretudo, atribuir ao “fenómeno natural e anormal” ocorrido a explicação da tragédia.

Não sei, não sou especialista para o afirmar, se outro tipo de construção, outras medidas preventivas (algumas já está provado que, pelo menos, atenuariam), outra atenção à impermeabilizarão dos solos e a deflorestação (de facto, quanto menor for a capacidade dos solos em absorver a água das chuvas pior se torna uma situação deste tipo), outros cuidados, evitariam uma tragédia desta dimensão, mas não é preciso ser especialista para se perceber que face à configuração morfológica da ilha e à intensidade claramente anormal das chuvas, o resultado seria sempre catastrófico.

Não é menos verdade é que 1 (uma) única vida humana que se conseguisse salvar, justificaria o investimento que se vier a apurar que não foi feito, ou que foi mal executado, pelo que espero que ninguém caia na tentação de fazer análises superficiais e oportunistas relativamente a esta matéria.

É tempo de se cuidarem dos familiares das vítimas, de reconstruir, de ajudar a quem teve danos materiais (pelo que leio, não abrangidos pelas seguradoras), de preparar meios efectivos e mais seguros que levem á prevenção, dissuasão ou simples minimização de eventuais futuras tragédias.

É tempo de se estudarem estes fenómenos, de aprender com os erros cometidos, de outras zonas do País olharem muito atentamente para o que aconteceu na Madeira e adaptarem a análise às suas realidades.

Sim, porque de acordo com a Lei de Bases da Protecção Civil nas nossas competências, não nos cabe apenas agir reactivamente aos acidentes graves e catástrofes, cabe-nos um forte papel de prevenção, como demonstra o artigo quarto, número dois:

A actividade de protecção civil exerce-se nos
seguintes domínios:

a) Levantamento, previsão, avaliação e prevenção dos
riscos colectivos;

b) Análise permanente das vulnerabilidades perante
situações de risco
(...)

Nós no Seixal (Pelouro da Protecção Civil), assumimos o compromisso de estar atentos e interventivos, de humildemente aprendermos com erros alheios, mas que eventualmente também possam ter sido cometidos por nós, ou estejam a ser cometidos, de intervirmos onde ainda o conseguirmos fazer, de estudar alternativas que se mostrem adequadas. Em suma, tudo faremos para proteger os habitantes do Concelho do Seixal.

12 comentários:

Anónimo disse...

Hoje em em conversa com um madeirense residente há perto de cinco anos em Lisboa, confessou-me um pensamento (é verídico, de um senhor que é socialista e desculpem a linguagem brejeira):

"Houvera um Alberto João jardim para o continente e não estavamos enterrados em dívidas, déficits, desconfianças e merdas afins.
O que Portugal precisa é de um Homem com tomates"

Nuno Gonçalo Poças disse...

A tragédia da Madeira é algo que nos toca a todos. Sobretudo porque nenhum de nós está a salvo de sofrer algo semelhante. Por isso existem duas coisas às quais não se dá, muitas vezes, a devida atenção: o ordenamento do território e a protecção civil. A primeira de carácter preventivo, a segunda enquanto responsável por minimizar estragos e prestar apoio às pessoas. Daí que todos desejemos que o trabalho realizado, na protecção civil, pelo Paulo seja frutuoso. Os primeiros passos vão no caminho certo. Bom trabalho! A população assim o merece.

Paula disse...

Dr. Paulo Cunha, concordo em absoluto consigo, a semana está indelevelmente marcada pela tragédia ocorrida na Madeira, aliás, quem não concordará? Penso que pelo menos relativamente a este assunto, o País está de acordo. O mesmo não ocorrerá relativamente às medidas a serem tomadas bem como às que deveriam ter sido implementadas antes da tragédia. Indiscutivelmente esta é uma situação que o homem não controla, independentemente de estruturas que devessem ou não ter sido implementadas, independentemente de ter havido menor ou maior proactividade, o resultado poderia ter sido atenuado, algumas vidas poderiam ter sido poupadas, contudo, seria sempre uma grande calamidade, uma tragédia, por todas as causas que enumerou.

Relativamente a fenómenos desta natureza não podemos nunca estar tranquilos, podem acontecer a qualquer momento em qualquer lugar do mundo, em qualquer dimensão, no entanto, tranquiliza-me um pouco saber que no Seixal, a Câmara e o Vereador Paulo Cunha estão atentos e dentro do que é possível, a implementar medidas de prevenção.

O jovem futebolista provou uma vez mais o seu sentido de oportunidade, tendo sido , com um simples gesto, um grande canal de informação aberto para o mundo, neste momento tão triste para a Madeira e para todos nós.

Continuação de bom trabalho.

Ponto Verde disse...

Apesar da "mesquinhez" politicamente incorrecta do meu pensar 8 da qual já fui acusado sobre esta questão ) que não se coaduna com as declarações de "não dramatizar" e não reconhecer a situação real de "calamidade" do senhor Presidente do Gov.Regional.

Gostaria de salientar as palavras do Senhor Presidente da Repúbica hoje no Funchal. Tais como as do Senhor Primeiro Ministro no passado domingo e que contrastam com o "optimismo turistico" do Dr.Jardim.

Uma palavra de apreço para o Povo e os muitos amigos que tenho na Madeira sitio que muito bem conheço e onde frequentemente estou. Uma palavra de solidariedade para as vítimas,que na sua maioria não partilharão da opinião oficial e para os elementos dos Bombeiros e Protecção Civil.

Não subscrevo o rumo de "desenvolvimento" Algarvizante que a região do Funchal tomou , considero esse rumo causador de algumas das situações, mesmo tendo como atenantes a imprevisibilidade e o inevitável (a história do radar é uma falsa questão) e critico as declarações e a recusa do Dr.Jardim em avaliar desde um primeiro momento essa relação causa-efeito , apelidando-a de "politiquice".

As reportagens da TV têm também mostrado a todo o país que há várias "Madeiras" naquela Ilha.

O pior inimigo do Turismo e industrias associadas não são as tragédias meteorológicas, é sim a percepção da mentira e da farsa entre uma realidade (ficticia) para consumo e a verdadeira realidade no terreno. Estamos numa época de controlo e manipulação da informação, esse é um caminho fácil para o poder (mesmo o Democráticamente eleito) mas é muito perigoso para a Democracia...ai o Pedro e o Lobo...

Anónimo disse...

Pois Paulinho.
Para uns o Sol e para outros a chuva.
Quando enviei um post não publicastes alegando o vocabulário. Agora publicas esta MERDA do Alberto João 9:30.
Pois é Paulinho, 2 pesos e 2 medidas.
O Teixeira sempre se mostrou muito mais acessível e mesmo tu que publicamente assuste nunca mais lá voltar, hoje vieste escrever um post alegando que o tema assim o impunha.
Paulinho tu pareces aqueles putos de fraldinhas que não sabem muito bem o que queres. Querem algo mas não sabem muito o que, só sabem que querem por querem.
Por fim digo-te o que uma grane parte do povo seixalense pensa de ti e, isto se quiseres ouvir.
Não passas de um puto vaidoso que pretende protagonismo a conta dos otários.
Para teu consolo, o povo seixalense não é otário e já o demonstrou por diversas vezes, tu são que ainda não conseguiste alcança.
Tenho dito.

Anónimo disse...

Vamos lá ver se percebi. Temos um distinto advogado a tratar da Protecção Civil e a população deve sentir-se mais segura por isso?

M. disse...

E lá volta o tema da perseguição ao pirilampo...

Doutor Paulo, os cães ladram e a caravana passa.

É pena é que se continuem a esconder no anonimato, mas essa é a cara dos cobardes quando querem ofender e não serem reconhecidos.

Anónimo disse...

"E lá volta o tema da perseguição ao pirilampo...

Doutor Paulo, os cães ladram e a caravana passa.

É pena é que se continuem a esconder no anonimato, mas essa é a cara dos cobardes quando querem ofender e não serem reconhecidos."

Não percebo a critica à critica! Um pseudónimo a criticar um anónimo? Precisa de saber quem sou para discutirmos factos?

A história do pirilampo (deve ser pelo brilhante resultado eleitoral obtido) é muito bonita, para quem gosta de ter certa parte do corpo a brilhar.

Agora, mais a sério. Naturalmente e objectivamente, que não pode ser bom, ou pelo menos ideal, o facto de termos um jurista à frente do pelouro da protecção civil, mas não o culpo a ele mas sim à maioria da CDU que apenas ofereceu esse mesmo pelouro ao vereador eleito pelo PSD.

Entendido?
Mais repare que me é dada razão logo no próprio post quando o Dr. Paulo se socorre da legislação para invocar o que a protecção civil deve fazer. Claramente um caso de "deformação" profissional.

Anónimo disse...

Concordo em quase tudo que o anónimo Ponto Verde afirmou, no entanto não posso deixar de referir que não sei o que este senhor, que para além de aparentemente ligado ao jornalismo regional, tem um blog muito verde, veio fazer a este blog laranja. Se não gosta de blogs com fotos ao lado da Floribela ou do Ronaldo ou com posts do Benfica ou Sporting, o que é que está aqui a fazer?
Deve ter um "amor de perdição" pelo Alberto João Jardim.

Por último gostaria de realçar o espírito de entreajuda, solidariedade que reina no Funchal, que reina na Madeira, onde se trabalha e não apenas fala-se do que não se sabe.
Parabéns Doutor Paulo Cunha pelo excelente trabalho em tão pouco tempo à frente do pelouro da protecção civil.

M. disse...

"Caro" Anónimo das 25 de Fevereiro de 2010 12:14.

O meu comentário não foi dirigido ao seu comentário sobre termos um advgado a dirigir o pelouro, se bem que para criticar valências, então também temos de questionar porque temos um professor de trabalhos manuais a dirigir uma câmara...

Mas como gosto de esclarecer as coisas, refiro que este meu comentário se dirigia a um anterior, esse sim em tom de crítica cobarde.

Estamos esclarecidos?
Cumprimentos

Anónimo disse...

O tema é a tragédia, as catástrofess provocadas por fenómenos naturais relativamente aos quais os seres humanos são impotentes, no entanto, é confortante saber que estão a ser tomadas medidas preventivas o que pode atenuar alguns danos e isso pouco me importa se é a Câmara da CDU, se é um jurista, muito menos os resultados eleitorais, isso é politica partidária e mal dizer, interessa sim, a vontade, o bom senso e a responsabilidade, essa sim, politica e social, interessa quem faça e parece que alguém está preocupado em fazer.

Anónimo disse...

Pois a mim interessa-me a competência. De que me serve um trabalho feito, se mal feito? Por outras palavras, é pior um trabalho mal feito no âmbito da proteção civil, pois transmite a falsa perspectiva de segurança.

No que diz respeito ao Dr. Paulo Cunha, apesar de advogado, tenho a certeza que se congregou pessoas à sua volta, no seu pelouro que tenham conhecimentos específicos no âmbito de proteção civil, prevenção, engenharia, socorro, etc.
Devo louvar a muito importante iniciativa do Doutor Paulo Cunha, que assim que tomou posse exigiu que se fizesse um estudo sismíco e de incêndios nos núcleos antigos do Seixal, Amora e Arrentela. Mais, depois este estudo deveria ser seguido de obras de requalificação dessas zonas.
Excelente iniciativa.