Falar de desporto, embora numa perspectiva jurídica, tal qual o desafio que me foi lançado, é falar da minha vida. Aliás seria inconcebível imaginar a minha vida sem o Benfica ou recordar o meu crescimento sem o Carlos Lopes, a Rosa Mota, a Fernanda Ribeiro, a nossa (do Seixal) Carla Sacramento ou o Rui Silva, a selecção nacional, os mundiais e europeus de hóquei em patins, os triunfos do Joaquim Agostinho ou do Acácio da Silva, sei lá, tantas e tantas figuras que encheram de emoção, da expectativa da vitória, do sofrimento colectivo de um País pela derrota, como acontecia com o Fernando Mamede, o mais rápido do mundo mas com o síndroma muito Português de fracassar nos momentos decisivos. Recordo com uma nitidez extraordinária as proezas do Agostinho, que as acompanhava na praia, em pleno mês de Agosto, com o ouvido colado no transístor do vizinho, misto de exaltação colectiva com a resignação própria de um povo habituado a sofrer e que via naquele homem, autentica força da natureza, o retrato da humildade tão própria dos Portugueses, quiçá fruto de décadas de opressão salazarista, que em vez de aspirar ao Olimpo supremo só ao alcance dos vencedores, optava por servir, servir e servir, sempre galhardamente, qualquer chefe de fila que se lhe deparasse, entregando assim a outrem a sua glória predestinada pelos Deuses.
Como esquecer as finais europeias do meu Benfica, já não aquela máquina dos tempos do Eusébio, mas sim o Benfica do Erikson, do Toni, do Malogrado Bento, do Chalana, do Alves, do Diamantino, de tantos e tantos outros que me ocuparam horas e horas de sonho, atrás de um cromo, sempre do cromo mais difícil.
Como é hoje o mundo diferente, tudo ao alcance de um clique no computador sempre disponível. Como é hoje mais moderno este País, com estádios, lindos modernos e funcionais, logo eu que me lembrava dos “Brinca na areia”, em pleno Estádio da Medideira, acabadinho de arrelvar.
Talvez não acreditem, mas o futebol fez algo por mim, para além de ter sonhado acordado, pois, tal como a tantos da minha geração ajudou-me a aprender a ler, com a ânsia de melhor compreender as crónicas dos jogos do Benfica que religiosamente lia no jornal “A Bola” todas as segundas e quintas-feiras depois das jornadas nacionais e das grandes noites europeias, de ter aprendido as principais cidades e capitais europeias através das taças dos campeões, de ter até começado a compreender os regimes comunistas da Europa de leste ou a abissal diferença de desenvolvimento dos países ocidentais com as crónicas que lia dos países onde o Benfica jogava, isto com os meus 10/, 11, 12 anos, de ter enfim... vivido uma vida de recordações, de alegrias, de tristezas, de ter marcado os golos que os meus ídolos marcaram, de ter defendido os penaltys dos Bentos, Silvinos, Nenos e outros, de ter chorado, rido, pulado de alegria, como em poucas outras coisas o fiz, depois de tudo isto, desta paixão, como posso cumprir a minha promessa? Falar de direito no futebol, de lei e ordem, neste mundo desportivo completamente descaracterizado com “cafés com leite”, “Paulas”, “Guardas Abeis”, “Carolinas Salgados”, “Majores Valentões e seus exércitos” e tantos outros, desculpem-me, mas não queria acabar aqui e dessa forma tão bonito sonho, através de um autêntico repositório de emoções que o desporto me proporciona.Da próxima, cumpro a promessa, fico a dever-vos em dobro!
Como esquecer as finais europeias do meu Benfica, já não aquela máquina dos tempos do Eusébio, mas sim o Benfica do Erikson, do Toni, do Malogrado Bento, do Chalana, do Alves, do Diamantino, de tantos e tantos outros que me ocuparam horas e horas de sonho, atrás de um cromo, sempre do cromo mais difícil.
Como é hoje o mundo diferente, tudo ao alcance de um clique no computador sempre disponível. Como é hoje mais moderno este País, com estádios, lindos modernos e funcionais, logo eu que me lembrava dos “Brinca na areia”, em pleno Estádio da Medideira, acabadinho de arrelvar.
Talvez não acreditem, mas o futebol fez algo por mim, para além de ter sonhado acordado, pois, tal como a tantos da minha geração ajudou-me a aprender a ler, com a ânsia de melhor compreender as crónicas dos jogos do Benfica que religiosamente lia no jornal “A Bola” todas as segundas e quintas-feiras depois das jornadas nacionais e das grandes noites europeias, de ter aprendido as principais cidades e capitais europeias através das taças dos campeões, de ter até começado a compreender os regimes comunistas da Europa de leste ou a abissal diferença de desenvolvimento dos países ocidentais com as crónicas que lia dos países onde o Benfica jogava, isto com os meus 10/, 11, 12 anos, de ter enfim... vivido uma vida de recordações, de alegrias, de tristezas, de ter marcado os golos que os meus ídolos marcaram, de ter defendido os penaltys dos Bentos, Silvinos, Nenos e outros, de ter chorado, rido, pulado de alegria, como em poucas outras coisas o fiz, depois de tudo isto, desta paixão, como posso cumprir a minha promessa? Falar de direito no futebol, de lei e ordem, neste mundo desportivo completamente descaracterizado com “cafés com leite”, “Paulas”, “Guardas Abeis”, “Carolinas Salgados”, “Majores Valentões e seus exércitos” e tantos outros, desculpem-me, mas não queria acabar aqui e dessa forma tão bonito sonho, através de um autêntico repositório de emoções que o desporto me proporciona.Da próxima, cumpro a promessa, fico a dever-vos em dobro!
Paulo Edson Cunha in Revista "O Praticante" - 30-04-2007
5 comentários:
Caro Edson, não te conheço mas revi-me neste texto.
Saudações Benfiquistas.
Toma Nota: é difícil deixar mensagem. é certamente a sexta ou sétima vez que tento
Caro Edson, não te conheço mas revi-me neste texto.
Saudações Benfiquistas.
Toma Nota: é difícil deixar mensagem. é certamente a sexta ou sétima vez que tento
Bom artigo. Viva o Benfica.
Aguardo com impaciência a próxima posta... já chega de Benfica.
Concordo com o comentário anterior, concretamente aguardo também pela publicação de mais artigos, porque quem escreve com alma e emoção deve no minimo partilhar connosco.
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