quinta-feira, janeiro 12, 2012

"2012 - ano Horribilis" - Jornal Sem Mais - distribuído com o Expresso na Margem Sul

Como não se consegue perceber, deixo o texto neste formato:

2012 – Ano Horribilis?

Meus caros, sou um optimista por natureza e vacilo naturalmente entre o realismo catrastofista que se antevê face à conjuntura económica e a esperança moderada, tendo sobretudo em conta a consciencialização colectiva de que de repente Portugal se apoderou.
Que a situação económica é má, nem perco o vosso precioso tempo a explicar, pois até os meus filhos o sabem.
Que as medidas adoptadas, muitas no âmbito da troika, qual guarda-chuva gigantesco que permitirão um conjunto de reformas estrututrais para o País, salvaguardando o Governo de responsabilidades directas sobre algumas dessas duríssimas reformas, também já todos o sabemos, mas o que talvez nunca tenhamos percebido, apenas porque nunca nisso pensámos, foi que temos de estar gratos ao Eng.º José Sócrates e à sua equipa.
Neste momento, quem me conhece deve pensar que endoideci neste início do ano, logo eu que sempre fui um crítico implacável do Governo de José Sócrates, culpando-o essencialmente de ter provocado a crise, pelo menos da forma como ela está, ao não tomar as medidas adequadas para salvar a situação do país, apenas por motivos eleitoralistas, tornando a nossa situação quase irrecuperável.
Ele que foi o expoente máximo de tudo o que abomino, como a mentira, a demagogia, a política de plástico, feita com bonitos power-points, muito bonita visualmente, mas sem qualquer conteúdo, sem qualquer correspondência com a realidade e, face à eficácia do seu discurso e práticas, defendido, quase venerado ao longo dos seis anos do seu magistério, que me levavam a pensar que ou eu era muito burro e não percebia o alcance daquelas medidas ou andava tudo adormecido, diria mesmo embevecidos e enfeitiçados, um dia acordariam e veriam que afinal “O Rei vai Nú”, tal como aconteceu.

E é precisamente a este ponto que queria chegar. Portugal e os Portugueses, desta forma perceberam o que de outra forma se calhar não iriam perceber. Penso que o país, desde a adesão à então CEE vivia num “Castelo Dourado”, onde se sentia intocável e protegido pelo crédito fácil, pela mão amiga do estado, sempre disposta a ajudar, sobretudo nos períodos eleitorais, emendando qualquer asneira que cada um fizesse, chutando qualquer dívida para mais tarde ou simplesmente empurrando com a barriga e usando uma técnica muito portuguesa de “o último que feche a porta”.
A verdade é que, por termos batido tão no fundo percebemos que não temos outra saída, daí não admirar que, no fundo, no fundo, os portugueses independentemente de reclamarem contra medidas tão duras, acabam por as apoiar, por perceberem precisamente que são a única solução e que quem obrigou a que as mesmas fossem tomadas, não são quem as está a tomar, mas sim, quem as provocou – sobretudo José Sócrates – e que este que se auto-intitulou de reformador e corajoso o tivesse sido efectivamente no momento certo, essas medidas não careciam de ser tão duras agora e a situação estaria controlada.
Ainda que mal comparado, faço um paralelismo com a situação de um fumador inveterado, que sabe que faz mal, em todos os aspectos, mas que não pára de fumar e apenas o faz, quando é confrontado com um mal maior e quase irremediável.
Nesse momento, se perceber que ainda tem uma ténue esperança que seja de se salvar, agarra-se a ela e até se torna fundamentalista. Ora é assim que eu vejo que Portugal e os portugueses vão estar em 2012 – concentrados em recuperar a sua situação económica, das suas famílias, das suas empresas e de Portugal.

Por isso sou dos que vê nesta enorme dificuldade uma maior ainda oportunidade. Tenhamos todos fé e trabalhemos muito que 2012 será o primeiro ano do resto das nossas vidas…

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