Beatriz C. tem 14 anos, frequenta o nono ano, na Escola Secundária Jorge Peixinho, no Montijo, e tem sido vítima de bullying. Denunciou o seu caso nos media, em diversas entrevistas. Numa delas, admitiu que a perseguição de que se diz alvo, dentro e fora da escola, veio desestabilizar o seu ambiente familiar. Acto contínuo, a escola requereu a intervenção da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. O representante da família questiona esta iniciativa, considerando que a escola está a agir contra a aluna, em vez de a ajudar.
Paulo Edson Cunha questiona o facto de a escola só agora intervir, já que os pais pediram ajuda logo que começaram as agressões. O advogado estranha ainda o facto de "quando a escola age, age contra a Beatriz colocando-a no centro de um processo que não faz qualquer sentido".
O caso remonta a Outubro de 2009, quando surgiram as primeiras acusações de agressão. Nessa altura, Beatriz terá agredido uma colega, em resposta a provocações, e foi depois agredida por um grupo de alunas. O inquérito da escola levou à punição de uma aluna e da própria Beatriz com seis dias de suspensão, tendo a pena sido suspensa.
Dois meses depois, em Dezembro, a jovem voltou a ser agredida, mas desta vez fora da escola. Foi assistida no hospital e os pais apresentaram queixa ao Ministério Público. O caso passou entretanto para o Tribunal de Menores do Barreiro. A escola abriu um processo de acompanhamento da aluna. O director de turma, os professores, auxiliares de acção educativa e seguranças da escola foram instados a um acompanhamento mais atento. Os relatórios dizem que não se registaram alterações de comportamento por parte da aluna.
Culpar quem sofre
No final de Fevereiro, Beatriz relatou uma nova agressão e uma nova queixa na PSP do Montijo para uma televisão - o que levou a escola a sinalizar a aluna junto da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do Montijo, por considerar a "susceptibilidade de haver algum risco para a jovem".
Em causa, segundo o relatório apresentado pela escola, estão três pontos: o excesso de mediatismo do processo, dado que a jovem tem-se desdobrado em entrevistas a alguns canais televisivos; o facto de ter sido alvo de três processos disciplinares durante o actual ano lectivo; e as palavras da jovem numa entrevista à SIC, na qual diz que a tensão que vive promove algumas discussões em casa.
Este último factor foi, aliás, um dos pontos levantados pelo advogado da família, Paulo Edson Cunha, que considera que as palavras da jovem, transcritas pela escola no processo, "estão descontextualizadas e podem, por isso, ser mal interpretadas". Embora se recuse a dar entrevistas, o director da escola, José Evangelista, garante que "não há qualquer intenção por parte da escola de culpar os pais da aluna". "O que se entende é que todo este processo pode prejudicar a jovem e, por isso, entendemos ser o momento de agir. Se o processo for arquivado, não ficamos preocupados, antes pelo contrário."
A notícia completa pode ser vista aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário