terça-feira, novembro 17, 2009

Face Oculta... O apagão

O texto que de seguida vos apresento foi publicado na última edição do "Notícias do Seixal".
Espero que gostem e comentem...




E de repente...o apagão.


Metade da América do Sul ficou às escuras.


À surpresa, seguiu-se a preocupação, o desespero, o pânico.


Roubos em barda, serviços mínimos comprometidos, a dúvida a instalar-se. Atentado? Causas naturais? Incompetência das autoridades? Castigo divino? A verdade é que a nossa sociedade já não vive sem electricidade, sem computadores, sem automóveis, sem água, sem gás, sem aquilo que chamamos de serviços mínimos garantidos pelo Estado.

E o Estado (os Estados, Distritos, Concelhos têm de estar preparados para estes imponderáveis, que não dominam) tem de oferecer mecanismos suficientemente fiáveis aos seus cidadãos a garantirem que estão preparados para estas contigências.


Como disse, sabe-se pouco das causas, no fundo pouco importam, importando mais saber como as resolver. A verdade é que para nós pouco importa. É apenas mais uma notícia a passar nos telejornais que servirá de tema de conversa no café com um amigo ou na conversa com um colega de trabalho. Discute-se isso, de forma tão banal como a escolha do próximo Presidente do Conselho Europeu, o suicídio do malogrado Robert Enke (o que faz um jovem, brilhante na sua actividade suicidar-se?), as goleadas do Benfica, a Gripe A ou a “Face Oculta”.


Ou seja, estão os nossos “irmãos” Brasileiros, e os seus vizinhos às voltas com os apagões, quando um grande apagão dava imenso jeito para “escurecer” o já de si bastante sombrio processo conhecido com o código de “face oculta”, isto é, para todos os sucateiros envolvidos, quer os que negociavam em sucatas, quer os que sujavam os seus colarinhos brancos com a “ferrugem” dessa mesma sucata, um apagão geral, daqueles que apagam mesmo tudo, que não deixam ver nada, dava imenso jeito.


Uma dúvida me inquieta neste processo: como pode um sucateiro (com todo o respito que tenho por esta actividade) ter dinheiro para alegadamente subornar um administrador do Banco de Portugal e agora Vice-Presidente do maior banco Português? Ou seja, eu que até sou muito tolerante com o sucesso alheio, nada dado a invejas, já fui questionar a minha mãe porquê que me incentivou a ser um humilde advogado, quando estava na cara que o futuro passava pela sucata...


Prometi a mim mesmo que vou rever os meus critérios de orientação aos meus filhos e, embora naturalmente prescinda de os ver envolvidos em alegados subornos, pois é caminho que naturalmente não perfilho, talvez uma actividade tão lucrativa como essa ( a sucata, claro), não seja uma hipótese a excluir.


Brincadeiras à parte, porque se não nos rirmos com estas tragédias (que minam e descridibilizam o papel do Estado, das suas instituições, dos seus dirigentes, no fundo de todos nós) faço votos para que neste caso a justiça funcione de forma célere, equilibrada e cega (como efectivamente deve ser). Seria o maior favor que estes senhores que nos des(governam) neste cantinho á beira mal plantado, poderiam fazer por um dos pilares de qualquer Estado – A Justiça.


Onde também parece que há um “apagão” é em Fernão Ferro, Freguesia na ordem do dia, por não se ter conseguido formar um executivo para constituir a sua Junta. Veio a CDU, no mesmo dia (organização? Ou já tinham aquilo tudo previsto e poucas horas após o insucesso já tinham a sua versão em forma de comunicado a vitimizar-se?) informar a população que a oposição toda junta são uns malandros, que não pensa nos interesses da sua freguesia, nem dos trabalhadores da Junta e que se não ceder, então coloca em causa a estabilidade democrática da freguesia. Só falta dizer que se os partidos da oposição, todos juntos, ou apenas um, aprovarem o que o Sr. Carlos Pereira quer, então as instituições democráticas em Portugal, no Vaticano, na União Europeia ou, porque não dizê-lo, na ONU, ou no mundo, estarão postas em perigo.


O que o comunicado da CDU não diz (fruto do apagão?) é que a CDU há 8 anos e há 4 anos negociou, como lhe competia, com a oposição. E fê-lo muito bem, porque tinha uma maioria relativa, o mesmo é dizer que era apenas a força política mais votada, tal como agora.


Então se nada mudou porque não o fez agora?


Se cabe ao candidato mais votado Presidir á Junta e submeter essa lista à apreciação da Assembleia de Freguesia, então não deveria ter sido estabelecido esse contacto com a oposição? Ou acham mais correcto apresentar uma postura de inegociabilidade total, comportando-se como se detivesse a maioria absoluta de votos e querer “obrigar” os outros a concordar consigo?


É caso para perguntar: De que tem medo Carlos Pereira?

4 comentários:

Anónimo disse...

E de repente Fernão Ferro ficou no marasmo. Ninguém fala disso.

Parabéns pela eleição e pelo texto

Crepúsculo disse...

Se a CDU insistir em formar o executivo sózinha eu apelava daqui aos partidos da oposição para que proponham e insistam em novas eleições. Este Carlos Pereira levou um cartão amarelo e com novas eleições era vermelho pela certa. ELEIÇÕES EM FERNÃO FERRO? Claramente sim..., pelo que se comenta nas esquinas em surdina, era a última coisa que a CDU queria. É tempo do Seixal olhar com outros olhos para as carências desta terra e com eleições teríamos oportunidades de mostrar isso mesmo, o grande marasmo que é esta terra que muitos escolhemos para viver na esperança de que um dia o progresso tamém passasse por aqui.

Anónimo disse...

Fernão Ferro e os psudo-politicos portugueses no seu melhor!
Depois de se terem apanhado com os votos dos eleitores coligaram-se e não deixam governar que foi escolhido.
O melhor é irmos a eleições para reforçar a vontade dos eleitores!
E tenham a coragem de se apresentarem coligados e com um programa conjunto PSD/BE/PS aos eleitores.
E depois se ganharem logo governam. Agora deixem trabalhar quem sempre trabalhou e foi novamente preferido para continuar a trabalhar.
Politiquiçes à parte o Homem até tem feito um bom trabalho, qual é o V. (PSD) problema agora? Vcs. (PSD)que arrogam responsabilidades politicas na história desta freguesia, deviam ter uma atitude mais assertiva. Não se compreende que um partido destes deixe as decisões politicas nas mão de Vinhas e do Zé, tendo-se feito um apagão.

Anónimo disse...

Dr. Paulo Edson Vereador da Protecção Civil como se lê no blog a-sul o concelho do Seixal bebe água contaminada com produto cancerígeno. Será que este assunto não merece a intervenção do Vereador da Protecção Civil?