Caro Senhor Primeiro. Ministro,Sim, caro, pois acredite que tem saído bem caro ao bolso dos Portugueses.Escrevo-lhe esta carta porque entendo ser o momento oportuno de lhe prestar solidariedade.Depois de V. Exa. ter dado o assunto por definitivamente encerrado os portugueses continuam a não lhe dar descanso com este assunto tão bizarro. É injusto!
Afinal de contas é injusto que o chateiem com questões tão “comezinhas” como sejam entretanto ter aparecido um novo certificado, com datas, disciplinas e notas diferentes, sendo que um deles foi enviado conjuntamente com um ofício com o carimbo de 1996, mas com o papel timbrado onde surge um telefone com nove dígitos quando na altura ainda vigoravam os sete dígitos e um código postal de sete dígitos, quando na altura ainda só haviam quatro dígitos, ou com o facto de V. Exa. ter indicado um reitor que ainda não o era à data da indicação, ou a morada que também ainda não o era (as instalações só mais tarde foram para onde o PM disse que estavam), e ao contrário do por si afirmado essa morada era longe do ISEL. Mas que culpa tem o senhor Primeiro-Ministro disso?
Já não chegava a história de o terem incomodado com o curriculum no sitio oficial do governo, onde constava a profissão que afinal não era a sua, mas que o Sr. Primeiro-Ministro muito diligentemente retirou quando foi descoberto, ou a história ainda mais bizarra da sua ficha de inscrição na assembleia da república, onde já era licenciado, quando ainda não o era, mas que entretanto passou a ser, e que milagrosamente no dia da entrevista apareceu uma segunda ficha de inscrição, com a mesma data, mas rasurada com a palavra “bach” (não cabia mais), ainda por cima andam a dizer que o senhor tem dotes divinatórios, pois tudo o que escreve, acontece algum tempo depois. Claro que eu não acredito nada nisso, mas que “las hay, las hay”, não é?
Aliás, tenho alguns amigos e conhecidos engenheiros de profissão que o querem processar, porque agora cada vez que se fazem anunciar como engenheiros, levam sempre com piadinhas do género “por acaso não é igual ao do Sócrates, pois não?”. Dizem-se profissionalmente lesados., mas são uns brincalhões. Não os leve a sério, está bem?
Conforme disse na crónica anterior, você foi brilhante com esta história toda. Conseguiu ficar 40 minutos a falar da licenciatura e quando os outros assuntos foram abordados, estávamos todos nós a discutir se nos convenceu ou não. Alguém ouviu mais alguma coisa do que disse? E os dois anos de governo, ninguém os discute? Bahhh, isso não interessa nada, não é seu maroto?
Por fim um agradecimento e um conselho: um agradecimento por, depois de o Benfica me dar tristeza atrás de tristeza e desde o célebre pontapé do Marco no famosíssimo “Big Brother”que não via tanto entusiasmo colectivo para ver um programa de televisão. Pelo meio ainda tivemos o “Processo Casa Pia”, mas isso mexia com muita degradação humana e, já cansa! O vale e Azevedo e o Veiga, a Fátima Felgueiras e o Isaltino, mais o Major Valentão e o Pinto da Costa, também tiveram os seus 10 minutos de fama, mas apenas a Carolina foi capaz de se aproximar perigosamente em termos de interesse, mas você bateu-os a todos. Quem não fala da sua performance? E conseguiu convencer-nos!?? Extraordinário! E o conselho: Se não o aceitarem na Ordem dos Engenheiros, tente a representação, pois tem muito jeito.
Aliás, face ao sucesso que foi a sua entrevista e aos novos dados que nos chegam diariamente sugiro mesmo ao senhor primeiro-ministro que faça um programa semanal na RTP1, às quartas-feiras naquele horário para ir comentando as descobertas semanais que vão acontecendo sobre a sua licenciatura. Em pouco tempo coloca a RTP como líder de audiências e resolve em simultâneo o défice da estação pública da televisão.
Certamente para a primeira série de programas, até ao verão já estão preenchidos os assuntos, mas para a segunda série sugiro um programa mais “light”, mudando de assunto, por exemplo falando dos seus três anos de inscrição na Lusíada, no curso de Direito (direito, senhor engenheiro? Engenharia e direito?). Mas você é um homem determinado, ou qualquer curso lhe serve? Como o trato? Sr. Dr. Eng.?
Despeço-me desejando-lhe algum descanso, tranquilidade e que acabe com estes “chatos” dos jornalistas sempre a tentarem saber estas coisas todas sem sentido.
Seu, (desculpe mas não resisti a terminar da forma que aprendi com a sua entrevista, aliás, agora não há carta em que não termine desta forma, como dizer, mais pitoresca).
Paulo Edson Cunha in "Setúbal na Rede" - 18-04-2007
1 comentário:
Nada como uma boa intriga para fazer esquecer o estado em que está o país...
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