
Como esquecer as finais europeias do meu Benfica, já não aquela máquina dos tempos do Eusébio, mas sim o Benfica do Erikson, do Toni, do Malogrado Bento, do Chalana, do Alves, do Diamantino, de tantos e tantos outros que me ocuparam horas e horas de sonho, atrás de um cromo, sempre do cromo mais difícil.
Como é hoje o mundo diferente, tudo ao alcance de um clique no computador sempre disponível. Como é hoje mais moderno este País, com estádios, lindos modernos e funcionais, logo eu que me lembrava dos “Brinca na areia”, em pleno Estádio da Medideira, acabadinho de arrelvar.
Talvez não acreditem, mas o futebol fez algo por mim, para além de ter sonhado acordado, pois, tal como a tantos da minha geração ajudou-me a aprender a ler, com a ânsia de melhor compreender as crónicas dos jogos do Benfica que religiosamente lia no jornal “A Bola” todas as segundas e quintas-feiras depois das jornadas nacionais e das grandes noites europeias, de ter aprendido as principais cidades e capitais europeias através das taças dos campeões, de ter até começado a compreender os regimes comunistas da Europa de leste ou a abissal diferença de desenvolvimento dos países ocidentais com as crónicas que lia dos países onde o Benfica jogava, isto com os meus 10/, 11, 12 anos, de ter enfim... vivido uma vida de recordações, de alegrias, de tristezas, de ter marcado os golos que os meus ídolos marcaram, de ter defendido os penaltys dos Bentos, Silvinos, Nenos e outros, de ter chorado, rido, pulado de alegria, como em poucas outras coisas o fiz, depois de tudo isto, desta paixão, como posso cumprir a minha promessa? Falar de direito no futebol, de lei e ordem, neste mundo desportivo completamente descaracterizado com “cafés com leite”, “Paulas”, “Guardas Abeis”, “Carolinas Salgados”, “Majores Valentões e seus exércitos” e tantos outros, desculpem-me, mas não queria acabar aqui e dessa forma tão bonito sonho, através de um autêntico repositório de emoções que o desporto me proporciona.Da próxima, cumpro a promessa, fico a dever-vos em dobro!